História de pai: ‘Agenda bloqueada para ficar com os filhos’

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    Por Márcio Patrus

    Foto: Arquivo pessoalA infância É maravilhosa, mas… é curta demais! “De repente, os filhos já estão maiores que nós!”, dizemos. É o tempo que voa? Para outras coisas, ele às vezes engatinha. A infância é que é curta. Se cochilamos, já passou.

    Tomando consciência desse fato, mudei minha postura. Vi que a curtição de meus filhos infantes teria prazo pequeno, sem segunda sessão. Se passou, passou. Trabalhar e curtir filhos são atividades concorrentes. Questões profissionais não têm fim. A infância, sim. Fiquei antenado. Quis, no possível, pôr o trabalho em segundo plano. Não foi e nunca é fácil. O trabalho é mais urgente e isso parece justificar tudo. Mas a infância não espera por opções tardias. Vai embora.

    Quando ficamos grávidos, minha esposa decidiu parar de trabalhar (ou melhor, decidiu trabalhar em dobro): cuidaria dos meninos que chegariam. Esta era para nós uma opção viável. E aconteceram os três filhos — hoje com 13, 11 e 9 anos.

    Sempre valorizei a atenção da Ju com eles, mas pensava que uma quebra bem dosada nesta rotina seria bem-vinda: um curso, uma atividade social, um esporte… Ela teria outra atividade, mas seguiria com tempo para cuidar do tesouro familiar.

    Exímia dona de casa, Ju também adora pintar em porcelana. Custou, mas um dia chegou o convite da professora Michelle Moysés para uma turma nova. Seria nas tardes de segunda-feira. Ju agradeceu, e não aceitou. Os filhos ficariam sem apoio nos deveres de casa. Sem hesitar, ofereci-me para cobrir aquele horário. Por algumas horas, “reinaria” sozinho na vida das crianças. Seria, de fato, o “Dia do Papai”.

    Minhas empresas reclamam. Às vezes, levo algum trabalho para casa, ou gasto algum tempo ao telefone, mas vou aprendendo, cada vez mais dedicado à nossa turminha.

    Outro dia, eu e o caçula combinamos algo para aquela semana. Faríamos no sábado os deveres e, na segunda-feira, iríamos a uma floricultura. Foi uma delícia! Tenho aprendido coisas que pensava já saber. Precisei superar a fase (minha) e a frase (de meus filhos) do “papai deixa tudo”: picolés, doces, adiamentos de tarefas etc. A mamãe chegava e não havia deveres prontos, nem banhos tomados…  Broncas em todas as direções! Mas superamos de verdade: o combinado agora é fazer surpresa para a mamãe, ficando cheirosos e com deveres prontos!

    O tempo continua passando rápido. A infância não deixou de ser curta, a adolescência bate à nossa porta. Abraçado ao meu propósito, terei muitas histórias com fundo alegre para contar e recordar.

     

    Márcio Patrus é casado com Juliana e pai do Bruno, de 13 anos, da Beatriz, de 11, e do Elmo, de 9. Entusiasta da educação infantil e estudioso de logosofia, trabalha com treinamento à distância e tecnologia.

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