Por Luís Giffoni
O sertão vira mar, o mar vira sertão, as águas voltam, o gelo entra em cena, terremotos destroem montanhas e erguem outras, vulcões criam novas paisagens, o vento e a chuva aplainam o relevo. A Terra nunca para. Entretanto, deixa as marcas de sua evolução. Encontrá-las é um trabalho de detetive. O Sherlock Holmes do planeta se chama geólogo. A geologia — ciência que encanta jovens e adultos — desvenda o passado e prevê futuros plausíveis. O Brasil possui vários pontos em que a história da Terra desponta com testemunhos de um passado muito antigo e variado. Um dos mais interessantes é a CHAPADA DIAMANTINA, no sertão baiano, extensão da nossa Serra do Espinhaço. Ali se veem as digitais de geleiras pré-históricas, encontram-se pedras que viajaram centenas de quilômetros na fúria das enchentes, morros trabalhados pelo vento e pelas
tempestades, serras erguidas pelos terremotos, cavernas escavadas pelo mar que já não existe, rochas com sedimentos de mais de um bilhão de anos. Trata-se de um livro aberto sobre nosso mundo. As crianças adoram fazer a primeira leitura dessa magnífica obra da natureza. Há, ainda, as belezas locais. Um poço Azul, outro tão bonito que recebeu o nome de Encantado, muitas trilhas e encostas verdes, matas fechadas, cerrado a sumir de vista, morros que lembram bichos, a segunda maior cachoeira do Brasil, animais selvagens e exóticos, como um bagre sem olhos. Os humanos também fizeram sua parte. Tornaram a região um patrimônio natural da humanidade. Criaram um parque nacional para proteger essa riqueza. Empreendedores construíram hotéis, pousadas e restaurantes, montaram passeios e atrações como tirolesas e trilhas com acampamentos prontos para receber gente de
todas as idades, incentivaram eventos culturais para todos os gostos. O centro da Chapada é a cidade de Lençóis, que surgiu da busca por diamantes. Ela também tem muita história para revelar, como a dos coronéis que mantiveram a escravidão até as primeiras décadas do século 20. Possui, ainda, bom artesanato e boa comida. E, de sobra, voo direto de Belo Horizonte. Que tal apresentar o livro aberto do planeta às crianças, despertando sua curiosidade e sua consciência ecológica? E, além disso, se divertir ao lado delas? A Chapada Diamantina é, então, seu próximo destino. Boa viagem.
LUÍS GIFFONI
é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos.
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