Por Cristina Moreno de Castro e Daniele Franco
A Prefeitura de Belo Horizonte acaba de divulgar nesta segunda-feira (12) que o garoto Thales Martins Cruz, de 10 anos, morreu de febre maculosa.
Leia a íntegra do comunicado enviado pela Secretaria Municipal de Saúde:
“A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), informa:
Exame realizado pela Fundação Ezequiel Dias (FUNED) confirma como Febre Maculosa a causa do óbito do menor T.M.C.
Esse é o primeiro caso confirmado da doença, considerando os anos de 2015 e 2016. Nos últimos dez anos, esse é o quarto caso confirmado de febre maculosa em residentes de Belo Horizonte.
Todas as ações de vigilância em saúde recomendadas estão sendo intensificadas.
Ações de monitoramento, educação e prevenção
A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da SMSA distribui, de forma periódica, um folder informativo para a população (em anexo). O material contém informações sobre várias medidas preventivas para evitar o contato com os carrapatos, além de providências a serem tomadas em caso de suspeita picada por esse vetor.
Em 2015, foram distribuídas 580 mil unidades. Neste momento, o trabalho informativo para a população foi intensificado.
Em relação à assistência, a PBH capacita permanentemente profissionais de saúde para estarem atentos aos sinais e sintomas desta doença.
Entre as ações de prevenção realizadas pela PBH, desde 2015, é realizado o controle químico de carrapatos em cavalos, sendo esse animal o principal hospedeiro do carrapato estrela. Esse trabalho é feito em parceria com a Associação dos Carroceiros e Universidade Federal de Minas Gerais/Escola de Veterinária.
Universidade, Associação e SMSA promovem juntas atividades de educação em saúde, onde os proprietários são informados e orientados sobre as medidas de prevenção da febre maculosa, assim como banhos com usos de carrapaticidas em cavalos.
Em 2015, 68 proprietários e 111 equídeos participaram dessa ação. Ao todo, foram realizados 304 banhos carrapaticidas. Em 2016, até o momento, já foram realizados 267 banhos, em 106 animais com o uso de produtos que matam os carrapatos.
A PBH mantém permanente articulação com todos os órgãos envolvidos para viabilizar a ampliação das medidas preventivas, educativas e de manejo ambiental adequadas.”
Entenda o caso
Thales Martins Cruz, de 10 anos, faleceu depois de sofrer febre hemorrágica. Ele ficou internado no Hospital das Clínicas.
Desde o início da semana passada, um áudio gravado por um homem que se diz parente do garoto circula pelo WhatsApp. Na gravação, ele diz que o menino foi picado por um carrapato estrela no Parque Ecológico da Pampulha, o que o teria infectado com a febre maculosa. No áudio, o suposto parente aconselha pais a evitarem a região da Pampulha e do Parque Ecológico da Pampulha.
Thales era membro do Grupo de Escoteiros de Venda Nova, que o homenageou e decretou luto de 3 dias.
Em coletiva de imprensa no dia 8 de setembro, o prefeito Marcio Lacerda disse que as pessoas devem evitar o contato com a vegetação do Parque Ecológico da Pampulha: “Nesse período de seca é um período natural de proliferação de carrapatos, onde eles estão em atividade mais intensa. Então é importante que as pessoas evitem o contato com a vegetação nesse momento que é onde ocorre então a passagem do carrapato da vegetação para o corpo das pessoas”.
Veja abaixo as informações divulgadas pela Funed sobre a febre maculosa:
SOBRE A DOENÇA
A Febre Maculosa Brasileira é uma doença causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida pela picada de carrapatos infectados (principalmente carrapatos da espécie Amblyomma sculptum, popularmente conhecidos como carrapato-estrela) ao homem. Alguns animais (bois, cavalos, capivaras e outros) participam do ciclo de transmissão da doença, aumentando a disponibilidade da bactéria para os carrapatos que se alimentam deles. Casos de FMB são registrados desde a década de 1930 em Minas Gerais. No período de 2008 a 2016, eles ocorreram principalmente nas macrorregiões Centro (25,9%), Sudeste (20,0%), Leste (16,5%), Oeste (12,9%) e Nordeste (10,6%) e do Estado. Neste ano, já houve 5 casos e 2 mortes em Minas Gerais decorrentes da febre maculosa, segundo a Funed.
SINTOMAS:
Nos estágios iniciais, os sintomas da doença incluem febre, em geral alta, dor de cabeça, dores musculares intensas, mal estar generalizados, náuseas e vômitos.
Entre o segundo e o sexto dia de sintomas, pode ocorrer o aparecimento de exantemas, que são manchas ou pápulas avermelhadas na pele. No entanto, não se deve aguardar o aparecimento de tais sintomas para a suspeição da doença, visto que eles ocorrem em menos de 50% dos casos de FMB.
Como os sintomas podem ser facilmente confundidos com o de outras doenças, é fundamental que, diante dos primeiros sinais, o paciente procure imediatamente o serviço de saúde e relate ao profissional médico que esteve em áreas propícias para a presença de carrapatos.
Se não tratados, pacientes com FMB podem evoluir para estágios de confusão, torpor, alterações psicomotoras e outras manifestações graves (edema, manifestações hemorrágicas, icterícia), que requerem cuidados hospitalares intensivos e podem levar o paciente ao óbito em cerca de 80% dos casos.
Casos de FMB ocorrem em maior frequência no período de abril a novembro, onde há predomínio das formas de larva e ninfa do carrapato, que são menores e mais difíceis de serem visualizada no corpo.
Há algum grupo de risco delimitado ou todos estão propensos a contrair a doença?
Todos os indivíduos estão propensos a contrair a doença. As populações expostas a ambientes onde há presença de carrapatos (áreas rurais, matas, cachoeiras, pasto sujo, áreas com presença de animais domésticos ou silvestres, parques, beira de rios e lagoas) ou a animais que participam do ciclo de transmissão da doença (roedores, cães, cavalos, capivaras e bois), ou aqueles que frequentam áreas onde a transmissão da FMB é conhecida, são as que apresentam maior risco para se infectarem.
Quais os principais cuidados que devem ser tomados para se evitar a febre maculosa?
Ao frequentar áreas propícias para a presença de carrapatos (áreas rurais, matas, cachoeiras, pasto sujo, áreas com presença de animais domésticos ou silvestres, parques, beira de rios e lagoas), devem ser tomados os seguintes cuidados:
– Utilizar repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por carrapatos;
– Utilizar vestimentas longas e de cor clara, que permitem a fácil visualização dos carrapatos, além de calçados fechados e de cano longo são bastante importantes;
– Evitar sentar ou deitar em gramados nas atividades de lazer, como caminhadas, piqueniques ou pescarias;
– Examinar o corpo com frequência, tendo em vista que quanto mais rápido os carrapatos forem retirados, menor a chance de infecção;
– Se verificada a presença de carrapatos, retirá-los com leves torções e evitando o esmagamento de seu corpo com as unhas (já que pode haver contato com a bactéria presente no animal dessa maneira);
– Utilizar equipamentos de proteção individual (EPI’s) nas atividades desenvolvidas em ambientes propícios para a presença de carrapatos (macacões de manga comprida, meias e botas de cor clara);
– Manter pastos, lotes e áreas públicas sempre limpas, para evitar a proliferação de carrapatos;
– Utilizar carrapaticidas periodicamente em cães, cavalos e bois, conforme recomendações do profissional médico veterinário.
Reportagem atualizada às 17h16