Por Daniela Silveira
É fato que a família vem se transformando em decorrência das mudanças que se apresentam no contexto socioeconômico. Apesar disso, o imaginário que pesa sobre a família idealizada ainda é forte e se apoia na tradição. Quando refletimos sobre as responsabilidades advindas da formação de uma família e da educação do ser humano, reforçamos que é a partir da construção dos vínculos entre familiares (um casal e, posteriormente, seus filhos) que acontecem as vivências e trocas sociais mais fundamentais. É nesse contexto que nos moldamos e recebemos valores e sentido pessoal para, então, ganharmos sentido social.
Um dos momentos mais importantes na história de uma família é a chegada dos filhos. Porém, o investimento nas funções materna e paterna pode contribuir para dar uma esfriada na relação do casal, pois a rotina fica completamente alterada e as prioridades mudam. Assim, aprendendo a incluir mais um membro à sua família e lidando com uma nova configuração de sua vida conjugal, o casal se inquietará com medos e incertezas enquanto tentará se adaptar frente ao novo cenário de tarefas e desafios, inclusive quanto à sua vida afetiva e sexual.
Ter filhos é uma tarefa difícil! As mudanças no cotidiano do casal depois da chegada do bebê são inevitáveis. O lazer, o descanso e a vida a dois ficam em segundo, terceiro plano. Em muitos casos se extinguem. As tarefas domésticas se multiplicam, as pressões financeiras aumentam e os momentos de intimidade com o parceiro diminuem.
Por maior que tenha sido o tempo de convivência e conhecimento do casal, tudo muda quando chega a criança, que trará uma nova dinâmica entre os pais. Quanto mais resistência houver às mudanças necessárias diante da nova realidade, maiores serão as interferências negativas no seu cotidiano, ameaçando a sua estrutura familiar. Sentimentos como frustração e insatisfação poderão levar ao desgaste na relação, o que demandará apoio profissional de um psicólogo que faça a mediação entre o casal, criando condições favoráveis para o reencontro de ambos e a harmonia conjugal.
Entretanto, sendo capazes de se dividir entre múltiplas funções — individuais, sociais e profissionais —, homens e mulheres poderão (re)negociar com mais criatividade e flexibilidade as exigências diárias. Mesmo vivenciando um novo ritmo de vida, em meio a uma sociedade plural, mais complexa e diversa, desencadeando profundas mudanças e exigindo redefinições dos papéis que ambos precisam assumir, eles conseguirão.
Assim, esse novo contexto, de tantos conflitos, poderá ser, também, uma oportunidade para o amadurecimento da relação do casal que, com diálogo, tolerância, amor e companheirismo, vivenciará, de forma emocionante e transformadora, a missão de ser pai e mãe.