Crianças e adolescentes de BH sofreram 27 crimes por dia em 2016

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    Considerando todo o Estado, foram em média 190 crimes por dia contra pessoas de 0 a 17 anos, só neste ano; veja o ranking dos 20 crimes mais cometidos.

    Por Cristina Moreno de Castro

     

    Imagem: Pixabay

    Belo Horizonte já teve nada menos que 7.197 crimes cometidos contra crianças e adolescentes, de 0 a 17 anos, apenas neste ano de 2016. Isso significa que foram cometidos, em média, 27 crimes por dia contra nossa população mais vulnerável.

    Os dados foram passados pela Polícia Civil de Minas Gerais, a pedido da Canguru, e levam em conta as ocorrências registradas até o dia 19 de setembro. Considerando os crimes em todo o Estado de Minas Gerais, os números são mais alarmantes: 50.186 ocorrências contra crianças e adolescentes, ou 190 por dia, em média.

    Roubo, furto, agressão, ameaça e lesão corporal são os cinco crimes mais frequentes, respectivamente. Os casos de homicídio contra menores de idade somaram 41 neste ano, só em Belo Horizonte. E foram 231 os casos de estupro contra menores na capital, nesses nove primeiros meses de 2016.

    Veja o ranking completo abaixo:

    Dados da Polícia Civil de Minas Gerais

    Violência naturalizada

    Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos PúblicasA pesquisa “O Que Dizem As Crianças”, divulgada nesta segunda-feira (26) mostra que 85% das crianças e adolescentes relatam conviver com brigas na escola e 63% sofrem violência física em casa quando fazem algo errado. Mesmo assim, 68% delas dizem se sentir seguras como uma percepção geral. 

    A pesquisa foi feita entre setembro de 2015 e março de 2016 e ouviu 1.404 crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos que participam de projetos da Visão Mundial em 12 cidades nos Estados de Minas Gerais (cidade de Itinga), Ceará, Pernambuco, Alagoas, Amazonas, Rio Grande do Norte, Paraíba e Rio de Janeiro. 

    A assessora em proteção da infância da Visão Mundial, Karina Lira, disse que os dados mostram que a violência está naturalizada entre os jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica, já que a percepção da violência nos ambientes em que estão inseridos é grande, mas, ao mesmo tempo, a sensação de segurança também é elevada. A análise vale para ambientes como escola, casa e comunidade onde vivem.

    “A gente percebe uma contradição onde a percepção de insegurança dela [da criança] é muito baixa, apesar da sua realidade e seu entorno. Existe um elemento, pelo fato de ser criança e por estar em desenvolvimento, não consegue compreender totalmente essa realidade, principalmente as menores. Mas tem o elemento que a gente chama de normatização da violência: a criança convive tão rotineiramente com situações de violência que passa a entender aquilo como natural, algo normal do seu dia a dia.”

    De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), crianças e jovens de até 18 anos são 31,1% da população do Brasil e o país é o segundo do mundo em número de assassinatos de adolescentes, atrás apenas da Nigéria. Por dia, são mortos 28 crianças e adolescentes, a maioria meninos, negros, pobres e moradores de periferias e áreas metropolitanas de grandes cidades.

    Sobre violência física e psicológica, o Disque 100, de denúncias de direitos humanos, registra uma média de cinco casos contra crianças e adolescentes por hora, incluindo violência sexual e negligência.

     

    Veja alguns dados da pesquisa ‘O Que Dizem As Crianças’:

    • A percepção de insegurança aumenta de acordo com a idade das crianças e jovens
    • A casa é o ambiente onde 84% se sentem seguros sempre; na escola e na comunidade, esse índice cai para 62%
    • 86% dos entrevistados entendem que é sempre muito errado ter o corpo tocado sem permissão
    • Gritar ou xingar e bater nas pessoas foram citados como violência por 82% dos pesquisados
    • Ficar preso no quarto ou em casa é citado por 70%, e ficar em casa sem cuidados por 64%
    • 89% se sentem seguros com a própria família e 40% com a polícia
    • Sobre bem-estar, 89% se sentem amados e bem tratados pelos pais ou responsáveis e 86% acham que serão felizes quando crescer
    • 35% já precisaram recorrer à delegacia ou hospital para ter assistência por ter sofrido algum tipo de violência

     

    Com informações da Agência Brasil

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