Por Rafaela Matias
Aquela história de que o bebê precisa aprender a dormir no próprio quarto desde cedo pode ter caído por terra. Um relatório apresentado pela Academia Americana de Pediatria (AAP) e publicado no site da revista médica Pediatrics na última segunda-feira (24) defende que bebês de até 6 meses devem dormir no quarto dos pais – e, se possível, a prática deve ser mantida até que complete o primeiro ano. De acordo com a instituição, a prática diminuiria os riscos de óbitos relacionados com o período do sono, como a síndrome da morte súbita do lactente (SMSL).
O documento, que é a primeira atualização das diretrizes para o sono seguro desde 2011, ressalta a importância de o bebê dormir no próprio berço ou em outra superfície adequada a crianças, e nunca na mesma cama que os pais. O relatório da AAP recomenda deitar os bebês de barriga para cima em um colchão firme e coberto com um lençol bem esticado. É indicado evitar cobertores, travesseiros ou bichinhos de pelúcia que possam cobrir os pequenos ou gerar um calor excessivo.
De acordo com a AAP os pediatras e profissionais da saúde, em geral, sabem como criar um ambiente de sono adequado aos pequenos. Os pais, entretanto, são atraídos por campanhas publicitárias que vendem roupas de cama elaboradas e acessórios em pelúcia para enfeitar o bercinho. Os produtos podem ser nocivos para os bebês e o ideal é que não façam parte da decoração.
SOBRE A MORTE SÚBITA
Todos os anos nos Estados Unidos, cerca de 3.500 crianças morrem por fatores relacionados ao sono, sendo que 90% dos casos ocorrem antes de o pequeno completar os 6 meses de idade, com pico de incidência entre 1 e 4 meses.
Segundo a médica norte-americana Rachel Moon, autora principal das recomendações, a maioria dos pais já sabe da importância de colocar o bebê para dormir com a barriga pra cima, mas ainda é preciso conscientização sobre o ambiente do sono em geral. “Quando você pergunta aos pais, quase todos sabem que o bebê não deve dormir de bruços – se eles estão fazendo isso ou não é outra coisa. Temos tido bem menos sucesso em conseguir que as pessoas não durmam com seus bebês na mesma cama, e entendam o perigo de colchões e roupas de cama muito macios”, afirma.
18 recomendações para um sono seguro
1. Coloque o bebê para dormir sempre com a barriga para cima, até 1 ano de idade. Esta posição diminui o risco de asfixia e sufocamento.
2. Use uma superfície firme para o sono.
3. A amamentação é recomendada, já que reduz em até 50% o risco de morte súbita.
4. O bebê deve dormir no quarto dos pais, próximo à cama, no berço ou em uma superfície própria para crianças (nunca na cama dos pais). A recomendação deve ser seguida preferencialmente pelo primeiro ano de vida, mas pelo menos pelos primeiros seis meses.
5. O local onde a criança dorme não deve conter objetos macios e roupas de cama soltas.
6. Considere oferecer uma chupeta na hora de dormir.
7. Evite exposição ao fumo durante a gravidez e após o nascimento.
8. Evite o consumo de álcool e de drogas ilícitas durante a gravidez e após o nascimento.
9. Evite colocar roupas e cobertores exageradamente quentes e toucas.
10. As mulheres grávidas devem realizar o pré-natal corretamente. O procedimento também evita o risco de morte súbita.
11. Mantenha o caderno de vacinação da criança sempre em dia.
12. Evite o uso de produtos comerciais que são inconsistentes com as recomendações do sono seguro, como posicionadores e travesseiros anti-refluxo.
13. Não use monitores caseiros de controle cardiorrespiratório como estratégia para reduzir o risco de morte súbita.
14. Mantenha o bebê de bruços durante algum tempo, enquanto ele estiver acordado e sob sua supervisão. Isso contribui para o desenvolvimento e evita a plagiocefalia posicional (deformidade craniana causada pelo apoio excessivo de uma determinada região da cabeça dos bebês).
15. Não há nenhuma evidência de que embrulhar o bebê em uma manta, como um charutinho, possa reduzir o risco de morte súbita.
16. Cuidadores, profissionais ou pessoais, em berçários ou UTIs neonatais, bem como prestadores de cuidados infantis, devem endossar e seguir as recomendações para reduzir o risco de morte súbita.
17. A mídia e os fabricantes devem seguir as orientações do sono seguro em suas mensagens aos consumidores e na publicidade.
18. Manter a investigação e vigilância sobre todos os fatores de risco.