Com informações da Agência Brasil
Nesta quinta-feira, 1º de dezembro, o mundo inteiro se une para lutar contra a aids, no Dia Internacional da Luta contra a Aids. No Brasil não é diferente. Para marcar a data e ajudar a trazer reflexões a respeito, o Ministério da Saúde divulgou os dados mais atualizados sobre a infecção por HIV no Brasil.
Vale destacar, em primeiro lugar, uma boa notícia: a taxa de detecção da aids em menores de 5 anos caiu 36% nos últimos seis anos, passando de 3,9 casos para cada 100 mil habitantes em 2010 para uma taxa de 2,5 casos em 2015.
Isso significa que a transmissão de aids de mãe para filho despencou em todo o país, já que a taxa em crianças nessa faixa etária é usada como indicador para monitoramento da transmissão vertical do HIV (transmissão de mãe para filho durante a gestação ou no momento do parto).
Os números mostram também uma queda de 42,3% na mortalidade provocada pelo HIV/aids no Brasil nos últimos 20 anos. A taxa caiu de 9,7 óbitos para cada 100 mil habitantes em 1995 para 5,6 óbitos em cada 100 mil habitantes em 2015.
Segundo a pasta, a epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,1 casos para cada 100 mil habitantes. Ainda assim, o número representa cerca de 41,1 mil novos casos ao ano.
Mas nem todas as notícias são boas: o número de casos de HIV/aids tem aumentado entre os homens. Enquanto, em 2006, a razão era de 1 caso em mulher para cada 1,2 caso em homens, em 2015, o cenário passou a ser 1 caso em mulher para cada 3 casos em homens. A infecção entre homens cresceu em todas as faixas etárias. Dos 20 a 24 anos, por exemplo, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos para cada 100 mil habitantes em 2005 para 33,1 casos em 2015.
Já os casos em mulheres apresentam queda em todas as faixas etárias, sobretudo entre as que têm de 25 a 29 anos. Em 2005, eram 32 casos para cada 100 mil habitantes. Em 2015, esse número chegou a 16 casos por 100 mil habitantes.
Vulnerabilidade
Os números mostram que jovens de 18 a 24 anos permanecem como o grupo mais vulnerável em meio à epidemia no país. Apesar do diagnóstico tardio ser menor nessa faixa etária, entre os que são soropositivos, 74% buscaram algum serviço de saúde, apenas 57% estão em tratamento e 47% tiveram carga viral suprimida.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, avaliou que os jovens, de modo geral, não mantêm o hábito de frequentar unidades de saúde. Ele lembrou que o grupo é “de difícil convencimento”, por exemplo, quando o assunto é vacinação.
“Eles se acham saudáveis e são mesmo. Mas não sentem que precisam ir ao posto de saúde se proteger”, disse. “Mesmo nas campanhas para vacinação nas escolas, a recusa é muito grande”, completou.
Metas
A cobertura do diagnóstico de HIV/aids no país passou de 80% em 2012 para 87% em 2015, o equivalente a 715 mil pessoas. A meta é chegar a 90% até 2020.
Os maiores incrementos, de acordo com os dados, foram observados na meta relacionada ao tratamento, que passou de 44% em 2012 para 64% em 2015. O número representa 455 mil pessoas.
Na meta referente à redução da carga viral, o país passou de 75% em 2012 para 90% em 2015, o equivalente a 410 mil pessoas.
Estratégia
Numa tentativa de incentivar o engajamento de municípios na eliminação da transmissão do HIV de mãe para filho (durante a gestação ou no momento do parto), o Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (30) a Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV.
O documento será concedido a municípios com mais de 100 mil habitantes que atendam a dois critérios. O primeiro é registrar taxas de detecção iguais ou inferiores a 0,3 para cada mil crianças nascidas vivas. O segundo é ter proporção menor ou igual a 2% de crianças com até 18 meses expostas ao HIV que foram identificadas como infectadas e estão em acompanhamento na rede pública.
A certificação será avaliada por um comitê nacional que fará a verificação dos parâmetros. Ao todo, 1.952 municípios estão elegíveis. O documento será entregue no dia 1º de dezembro do ano seguinte, data em que é lembrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids.
“Motivaremos os municípios para que tenham atenção nesse processo e consigam zerar a transmissão de mãe para filho”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
A estratégia conta com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no Brasil.
“O caminho para o fim da epidemia começa com o início da vida sem HIV. Precisamos começar a proteger os bebês”, destacou a coordenadora do Unaids no Brasil, Georgiana Braga.
UFMG vai tratar de aids com humor
Cartuns selecionados do 1º Festival Internacional de Humor em DST e Aids e produção inspirada nos quatro elementos essenciais da vida serão projetados a partir desta quinta-feira (1º) na fachada digital do Espaço do Conhecimento UFMG.
Com o objetivo de chamar atenção para o acesso ao tratamento e às formas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, serão exibidos 30 cartuns, selecionados entre trabalhos enviados por autores de 50 países para o 1º Festival Internacional de Humor em DST e Aids. O festival é uma iniciativa do Ministério da Saúde e do Instituto Memorial de Artes Gráficas (Imag), que integra conjunto de ações do Programa Nacional de DST e Aids em curso há mais de 20 anos.
Ao recorrer ao humor para tratar de um tema que ainda é tabu na sociedade contemporânea, os autores dos cartuns expressam sua percepção acerca das doenças sexualmente transmissíveis. As imagens serão projetadas até 11 de dezembro, das 19h às 23h.
O Espaço do Conhecimento fica na Praça da Liberdade, 700.