Férias mineiras

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    Férias

    Que tal neste Janeiro curtir cantinhos pouco conhecidos de Minas Gerais? Minha sugestão fica razoavelmente perto de Belo Horizonte e esbanja beleza. Criança alguma porá defeito. Tem tudo de que a garotada gosta: ar puro, muita água, aventura, trilha, bicho, natureza. Tem até uma atração exclusiva: uma ave raríssima, o pato-mergulhão, uma das nossas espécies à beira da extinção, da qual sobram apenas 250 indivíduos. A sugestão é o sudoeste mineiro, perto da Serra da Canastra, no município de Capitólio. Chamam-na “Mar de Minas”.

    O nome é apropriado. Possui muita, muita água. Oferece conforto básico em pequenas pousadas com piscinas, cavalos, barcos, lanchas e restaurantes, além da represa de Furnas inteira para explorar. Sem falar nas pequenas joias da natureza escondidas em suas margens. Para quem vai pela MG-050 de BH para Passos, logo após a entrada de Capitólio, antes da ponte do Rio Turvo, a Trilha do Sol revela 

    um cânion deslumbrante, escavado pelas águas no arenito amarelado, em ângulos quase retos. Parece mármore. No alto, veem-se árvores frondosas. No leito do riacho, cachoeiras se sucedem enquanto as pessoas nadam ao lado de centenas de peixinhos. Crianças adoram pular nas piscinas de esmeralda. Adultos também. Ao final da aventura, um desvio leva a uma cachoeira cercada de samambaias, verdadeiro santuário. Paisagem para se olhar com veneração. Depois, que tal um frango com quiabo? Lá tem.

    Um pouco mais à frente na MG050, há o Paraíso Perdido, onde de novo se observa a força das águas que abriram caminho na rocha. Existem mesmo escorregadores naturais que desembocam em poços refrescantes. Dois cuidados devem ser tomados: alguns trechos são escorregadios, portanto sujeitos a tombos; deve-se prestar atenção às chuvas, pois eventualmente o riacho pode virar rio.

    Junto à ponte do Rio Turvo, uma estrada leva à Cachoeira do Turvo, após cruzar o vale onde vi o pato-mergulhão. Esse vale foi escavado por água e gelo, milhares de anos atrás, e as marcas da erosão estão nas escarpas íngremes que margeiam a estrada. À tarde ganham uma cor dourada. Quando chove, cachoeiras despencam dos penhascos, uma ao lado da outra, formando uma cortina líquida. Com um barco uma chalana, chega-se aos cânions no interior da represa e também à Lagoa Azul, pontos imperdíveis para a garotada curtir a beleza, tomar banho de cachoeira, ver as camadas geológicas que formaram o sudoeste mineiro, mergulhar nas águas cristalinas, comer churrasco no próprio barco.

    Um pouquinho à frente está a Represa de Furnas, obra de engenharia antiga, mas que ainda impressiona. Depois de tudo isso, sugiro visitar a nascente do Rio São Francisco lá perto, em São Roque. Se as crianças tiverem sorte, verão tamanduás e lobos-guarás. Aproveite para conhecer uma das maiores cachoeiras do Brasil, a Casca D´Anta. Minas Gerais possui tesouros escondidos. O sudoeste mineiro guarda vários deles. Alguns estão aí em cima, à sua espera em janeiro. Bom proveito. Boas férias.

     

    Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos.

    giffoni@cangurubh.com.br

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