Liberdade com limites

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    Por Camila Souza

     

    Em 2010, quando minha primeira filha, Ester, estava com 9 meses, descobri que estava grávida de novo. Resolvi encarar o desafio e colocar em prática os ensinamentos transmitidos pela minha mãe, que teve uma gravidez gemelar.

    Desde muito pequena, sempre fui incentivada pelos meus pais a criar, a fazer, a desenrolar. Essa base me fez refletir sobre até que ponto devemos ser mães superprotetoras ou criar os filhos para terem autonomia, ajudando-os a lidar com os conflitos, as frustrações e as perdas.

    Em um mundo competitivo, em que a maioria dos pais procura preparar seus filhos para um mercado de trabalho ainda mais competitivo, posso observar alguns pequenos que estão sempre cheios de compromissos e atividades extracurriculares desde a mais tenra idade e que ao mesmo tempo são incapazes de fazer coisas básicas, como trocar de roupa, calçar um sapato ou se alimentarem sozinhos.

    Será que estamos nos esquecendo que é com erros e acertos que se forma o caráter de uma criança? Quando tolhemos o poder de decisão e escolha de nossos filhos formamos adultos totalmente incapazes de arbitrar, por não terem tido essa experiência quando estavam na fase de aprendizado, limitados por mães superprotetoras e autoritárias.

    Procuro dar liberdade com limites às minhas filhas. Por exemplo, incentivo as duas a guardarem as próprias roupas. Incentivo a fazerem o “para casa” sozinhas. Não dou banho nas meninas desde que aprenderam a ficar de pé sozinhas: fico monitorando, mas são elas que se limpam, lavam os cabelos, escovam os dentes, colocam a própria roupa… Não é porque são crianças que temos que pensar que não são capazes de executar tais atividades.

    Até um simples jogo da velha pode servir para transmitir esse conceito. Ensinei as duas a jogarem, mas minha filha mais velha, de 6 anos, tem dificuldade para lidar com perdas. Quando perde o jogo, ela chora e diz que não quer jogar mais. Eu mostro a ela que perdeu porque não observou a estratégia do jogo e explico como poderia ter ganhado. E falo: “Em alguns momentos da vida a gente perde, mas não podemos desistir. Não desista, jogue melhor na próxima vez…”.

    É assim que fui criada, e procuro passar isso para minhas meninas porque vejo resultados positivos. Lembra que falei que as duas nasceram com um intervalo de apenas um ano e cinco meses? Foram as primeiras perdas da minha filha mais velha: o convívio e o tempo exclusivos que tinha comigo. Ficou em choque. Quando me viu segurando a caçula no colo, ainda na sala do pós-parto, soltou um grito e não parou de chorar.  Mas hoje, depois de muitas perdas e ganhos, as duas são companheiras e muito amigas.

     

    Historia de mãe

    Camila Souza é mãe de Rute, de 5 anos, e Ester, de 6, e casada com Anderson Clayton. É economista e especialista em gestão financeira e auditoria.

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