Como o luto é vivenciado pelas crianças e o que fazer quando elas perdem alguém?

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    Foto: Joseph Gonzalez

    Por Marina Junqueira Nolasco e Wallana Coutinho Soares – Falar sobre perdas é, de modo geral, muito difícil, ainda mais quando se referem a pessoas próximas e de que gostamos. Mas, e as crianças? Elas sentem as perdas da mesma forma que um adulto? Como é vivenciado o luto por elas? Aliás, ele é vivenciado pelas crianças?

    Quando bebês e durante a pré-escola, as crianças não distinguem ausência temporária e morte. No entanto, entre 3 e 5 anos, passam a demonstrar uma emoção fortemente associada à tristeza devido às suas observações dos comportamentos e dos sentimentos do núcleo familiar. Mesmo assim, elas ainda não reconhecem a morte como algo irreversível. Isso se torna evidente devido às seguintes perguntas: “O fulano vai voltar?”, “Nossa, que viagem longa, pra onde ele foi?”. Nessa fase, há ainda uma mistura entre o real e o imaginário infantil, dificultando a distinção entre uma “viagem longa” e a morte propriamente dita.

    É importante que as crianças tenham o entendimento da morte como ela é: irreversível, dolorosa e que deixa saudades.

    Cronologicamente, a criança passa a ter uma compreensão melhor da morte como algo irreversível entre 5 e 7 anos. Algumas demoram um pouco mais para entender o processo por não terem tido essas vivências ou por elas terem sido “apaziguadas” com omissões ou invenções sobre o paradeiro da pessoa, dificultando sua noção de finitude. Entre 9 e 12 anos, na passagem da infância para a pré- -adolescência, é que a morte passa a ser entendida como irreversível e universal, passível de acontecer com qualquer um (pessoas e animais).

    O ideal é sempre dizer a verdade, entretanto temos que levar em conta a idade da criança e o quanto ela era ligada ao ente falecido. Mas, caso seja um ente muito próximo, é importante que as crianças tenham o entendimento da morte como ela é: irreversível, dolorosa e que deixa saudades. Desta forma elas terão a possibilidade de desenvolver repertório para lidar com essa e outras situações de perdas, sejam elas temporárias ou definitivas. Além disso, a família tem um papel importante, pois deve acolher a dor e a tristeza sentidas por elas e esclarecer sobre a saudade, auxiliando, assim, as crianças a terem uma melhor discriminação sobre os diferentes sentimentos que as cercam.

    Após as explicações e os acolhimentos, se for perceptível que a criança ainda não conseguiu elaborar a perda, é de suma importância procurar um apoio para elas, como um acompanhamento psicológico, pois, como bem sabemos, esse é um dos sentimentos mais difíceis de lidar – e, se para nós é difícil, imagine para as crianças.

    Marina Junqueira Nolasco e Wallana Coutinho Soares são psicólogas analistas de comportamento e diretoras da CACO Psicologia – Clínica de Análise de Comportamento Infantojuvenil
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