Por Priscila Carvalho, da Agência Einstein – O método contraceptivo mais utilizado pelas brasileiras é a pílula anticoncepcional, segundo levantamento feito pelo Instituto Ipsos com a farmacêutica Organon. Para 58% das mulheres, essa é a primeira opção, seguida do preservativo, ou a camisinha, adotada por 43%.
O DIU de cobre foi apontado por 8% das entrevistadas e 6% disseram que usam a injeção mensal. Ainda, apenas 13% afirmaram terem domínio pleno do próprio planejamento reprodutivo. As entrevistas foram realizadas com 450 mulheres de todas as classes sociais e regiões do Brasil, no primeiro semestre de 2021.
Apesar de serem as opções mais conhecidas, essas não são as únicas. Divididos entre métodos hormonais e não hormonais, os anticoncepcionais têm especificidades que, sob a orientação de especialistas, precisam ser analisadas para que as mulheres escolham com consciência.
Veja abaixo a lista dos principais e as indicações de cada um.
Métodos hormonais
Pílula
Há dois tipos principais de pílulas anticoncepcionais: as que combinam moléculas das famílias do estrogênio e da progesterona, os hormônios sexuais femininos; e as que são compostas apenas de representantes da progesterona.
No primeiro caso, a pílula é indicada não apenas para a regulação do ciclo menstrual, mas também para uma melhora na acne. Dentre os efeitos comuns, esse tipo de formulação pode gerar uma leve dor de cabeça, problemas gastrointestinais e aumento nas varizes.
Isso deve chamar atenção de mulheres que já tiveram casos de trombose, ou têm um risco maior em desenvolver a condição. O estrogênio, ao ser metabolizado pelo fígado, favorece a coagulação do sangue, aumentando o risco de trombose.
Para elas, as pílulas à base de apenas progesterona podem ser uma alternativa, ou outros métodos não hormonais, segundo Rita Géssia Patriani Rodrigues, ginecologista e uroginecologista com especialização em Saúde da Mulher pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Essa opção, inclusive, pode ser usada sem necessidade de pausa na cartela, e é indicada a lactantes.
Seja qual tipo de formulação, as pílulas são seguras e garantem proteção contra a gravidez. Mas é preciso que sejam tomadas nos dias e horários corretos. Não são indicadas a mulheres sem uma rotina regrada.
Adesivo
Conhecido como transdérmico, o método libera versões dos hormônios femininos na pele, por onde é absorvido. A troca é feita semanalmente e, após cerca de 21 dias, a mulher deve fazer uma pausa durante sete dias antes de colocar um novo adesivo. O uso incorreto aumenta o risco de falha do anticoncepcional.
Os efeitos colaterais mais expressivos são vermelhidão no local aplicado. Como funciona igual às pílulas combinadas, com a associação dos hormônios, não é recomendado para pacientes que tenham risco de trombose, devido à alta taxa do estrogênio em sua composição.
Anel vaginal
Com uma ação semelhante à pílula e ao adesivo, o anel vaginal também combina os hormônios estrogênio e progesterona. As substâncias, no entanto, são absorvidas diretamente na vagina e por um período de três semanas.
Após o tempo estipulado, a mulher precisa retirar o dispositivo e aguardar sete dias, até que um novo anel seja inserido. Da mesma forma que as outras formulações, devido a combinação dos hormônios, quem tiver risco de trombose deve evitar esse método.
Como o tempo em que o anel permanece no organismo da mulher é longo, é um método indicado a mulheres que têm o costume de esquecer de tomar a pílula ou trocar o adesivo no intervalo correto. O item não gera incômodo e não atrapalha as relações sexuais.
Injeção
Aplicado no músculo do glúteo, há duas versões para este anticoncepcional liberar os hormônios femininos: aplicações todos os meses ou a cada três meses.
A diferença entre as duas modalidades é que, no caso da injeção mensal, caso a mulher não consiga tomar na data exata, há um limite permitido de três dias, antes ou depois do dia previsto. Já na injeção trimestral, o anticoncepcional deve ser administrado na data estipulada, para não haver falhas.
Por não exigir uma obrigação diária, o método é indicado para as mulheres com rotinas estressantes, e que tendem a se esquecerem de tomar a pílula oral, por exemplo.
Assim como as demais opções, a injeção traz alguns efeitos colaterais, segundo Ana Paula Aquino, especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo. “Com o injetável só de progesterona, a mulher pode, sim, ter um aumento de peso”, cita. O injetável também pode aumentar o fluxo menstrual de algumas mulheres e retardar o organismo para futuras gestações.
DIU hormonal
Há diferentes versões para o dispositivo intrauterino (DIU), cada qual com suas vantagens. O modelo hormonal age no organismo ao liberar apenas a progesterona diretamente no útero e na região pélvica. Com isso, altera a mucosa da região cervical, a motilidade das tubas uterinas e o endométrio, impedindo a gravidez.
O DIU hormonal também pode ser usado como parte do tratamento de algumas condições, como endometriose e miomas. Em alguns casos, pode evitar procedimentos cirúrgicos.
A colocação pode ser feita em consultórios médicos particulares, mas também via Sistema Único de Saúde (SUS). A duração é de cinco anos.
A vantagem desse método é que a mulher não precisa ficar presa a datas específicas (de remoção ou recolocação, por exemplo) para que a eficácia seja completa. Contudo, é necessário realizar exames anuais para saber se o DIU se manteve no lugar, além de trocá-lo na data de validade.
Implante subdérmico
Considerado um dos métodos mais seguros, com menor falha, o implante subdérmico funciona liberando versões da progesterona pelo corpo todo, a partir da corrente sanguínea. Ao contrário do anel vaginal ou do DIU, ele não atua em uma região específica do corpo.
Fisicamente, é um pequeno cilindro flexível, feito de plástico, do tamanho de um palito de fósforo e inserido em um corte no braço. Não é indicado a mulheres que preferem ter ciclos menstruais regulares, visto que, ao longo do uso, a menstruação pode oscilar, segundo Ana Paula Aquino, especialista em ginecologia e obstetrícia.
O método tem duração de três anos.
Métodos não hormonais
DIU de cobre
Nesse caso, o DIU de cobre gera um processo inflamatório na camada interna do útero, o endométrio. Com isso, dificulta a sobrevivência do espermatozoide, e impede a fecundação. No caso do DIU de cobre, a duração é de até 10 anos.
Este dispositivo não afeta a ovulação e nem o ciclo menstrual. Da mesma forma que o DIU hormonal, as mulheres que optarem pela versão de cobre precisam fazer exames ginecológicos anuais para garantir que o dispositivo está em uma posição correta, e se ainda está com sua função efetiva.
A opção é válida para quem não quer ou não pode usar hormônios. A desvantagem é que esse contraceptivo aumenta o fluxo menstrual e potencializa cólicas.
DIU de prata
A ação do DIU de prata se assemelha à versão de cobre para a prevenção da gravidez, mas com um benefício a mais: reduz a quantidade de sangue durante a menstruação e ameniza também as dores.
A eficácia, no entanto, é menor: cinco anos, ao invés dos 10 anos do DIU de cobre. O dispositivo intrauterino também deve ser monitorado por meio de exames de ultrassom para garantir a eficácia ao longo do período de proteção.
Camisinha feminina
Ao contrário dos métodos listados, a camisinha feminina é a única que, além de impedir uma gestação, previne contra as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como AIDS, sífilis e HPV.
Ao ser inserida no canal vaginal, a camisinha atua como uma bolsa que vai coletar o esperma liberado, impedindo que entre em contato com o colo do útero.
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