Por Bebel Soares
Nos últimos 15 anos, eu me mudei sete vezes. A primeira foi saindo da casa dos meus pais e indo dividir um apartamento perto do trabalho com um amigo. Eu tinha 28 anos e queria ter mais independência.
Oito meses depois, saí desse apartamento para ir morar com meu namorado (atual marido). E ele, assim como eu, não é apegado a lugares. Alugamos, cansamos, alugamos outro. E foi assim, de bairro em bairro, em Belo Horizonte: do Santo Antônio para Sion, do Sion para o Funcionários, e muda outra vez para outro apartamento a três quadras desse, e depois para o Lourdes e, do Lourdes deixamos Beagá e viemos para São Paulo.
Meu filho Felipe, que só tem 8 anos, já se mudou cinco vezes de casa e já passou por quatro escolas diferentes. Essa última, de cidade e escola ao mesmo tempo, ele tirou de letra, porque a gente passou tranquilidade e confiança para ele.
Tem gente que se sente mais seguro comprando seu apartamento, e decorando do jeito que gosta, e passando a vida ali. Eu não, eu me canso, eu quero tudo diferente. E vou me mudando. Mudo de apartamento, de vista, de barulhos, de vizinhos.
A cada mudança, um monte de coisas que a gente não precisa vão ficando para trás, doadas, vendidas ou jogadas no lixo quando não servem para nada.
As lembranças não estão nas coisas, estão no coração. Se hoje estou aqui, amanhã posso não estar. A vida é assim, a única certeza é a morte. E, me desapegando no velho, do ranço, vou deixando espaço para as coisas novas e boas irem entrando. Deixar espaço para o novo é fundamental, ajuda a manter a mente jovem.
A cada mudança levo essa frase: Lar é onde o nosso coração está.
