Por Rafaela Matias – Uma pesquisa realizada em Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que a obesidade infantil é o assunto que mais preocupa os pais atualmente, antes de temas tão importantes quanto, como o bullying. O principal motivo para a apreensão, segundo o médico Lucas Penchel, que atua nas áreas de Medicina do Esporte e Nutrologia, é a epidemia de obesidade que afeta crianças de vários países, incluindo o Brasil.
Durante a palestra “O que seu filho come hoje define o adulto que ele será”, integrante da programação do Encontro Canguru de Belo Horizonte, realizado no dia 24 de março, no Novo Teatro do Pátio Savassi, o especialista fez uma pergunta importante. “A preocupação é legítima, mas o que nós, pais, estamos fazendo para prevenir a obesidade dos nossos filhos?”. Segundo ele, ainda há uma cultura enraizada que leva as pessoas a acharem bonitinho e saudável ver uma criança gordinha, mas a realidade é que obesidade é uma doença de origem multifatorial e deve ser tratada como tal, em qualquer faixa-etária.
Entre os problemas enfrentados pelos pais, estão o desconhecimento de que o filho está acima do peso, a falta de tempo para preparar refeições saudáveis e os artifícios utilizados pela indústria alimentícia para viciar o paladar das crianças. “Comer mal é prazeroso. A indústria investe em condimentos viciantes para vender cada vez mais, sem nenhum estudo científico para saber o impacto disso na saúde”, acredita. Outro problema comum é a insônia e os longos períodos diante de equipamentos eletrônicos. “Adultos e crianças que dormem mal têm o metabolismo mais lento em até 500 calorias por dia, o que favorece o acúmulo de gordura e pode até atrapalhar o crescimento.”
Por isso, o médico alerta para a importância de se dedicar no tratamento e prevenção da obesidade infantil desde a gravidez, incentivando hábitos alimentares mais saudáveis e introduzindo a prática de exercícios físicos pelo exemplo. “Lembre-se de que você está criando uma pessoa que, se tiver um futuro de obesidade, pode se tornar refém de tratamentos médicos, psicológicos, medicamentosos e nutricionais. Se ensinarmos nossos filhos a comer bem e cuidar da saúde desde cedo, vamos prevenir a obesidade no futuro.”
Para cumprir a tarefa, vale investir em frutas, pratos criativos e coloridos e lembrar sempre de que o valor nutricional das refeições é mais importante que o número de calorias ingeridas. Veja algumas dicas AQUI.
Dados importantes
– 43,4% das crianças com idades entre 5 e 9 anos estão com excesso de peso
– 96,6% dos pais acham que o filho com sobrepeso está dentro do peso
– 56% dos bebês com menos de 2 anos já consumiram alimentos ultraprocessados com potencial viciante
Fatores que levam ao aumento de peso
Alteração hormonal
– Uso de medicamentos, como corticóide, antibióticos, antialérgicos e antifúngicos
– Microbiota intestinal pouco saudável
– Insônia
– Doenças endócrino metabólicas, como o hipotireoidismo
– Predisposição familiar, representando de 10% a 20% do problema
– Estilo de vida e hábitos poucos saudáveis, representando 80% dos casos
– Alterações comportamentais, como depressão
– Distúrbios alimentares
– Alimentação rica em alimentos ultraprocessados, açúcar e carboidrato