Como manter o prazer de aprender

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    Buscador de educadores parentais
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    Por Elika Takimoto  Desde pequenos, nas escolas, somos acostumados a ouvir alguém falando sobre assuntos que, em grande parte, não nos parecem nada interessantes. Ouvimos que temos que estudar para “ser alguém na vida” ou para tirar uma boa nota na prova. A meu ver, nada mais prejudicial para o prazer de conhecer e para a criatividade de uma criança do que esse discurso. Todos nós, independentemente de termos ou não sucesso financeiro e de nossa idade, já somos um universo em particular, já somos muita coisa, já somos “alguém”.

    Como pais e mães, temos que ficar atentos para que essa fascinação pelo conhecimento não perca a cor. Quem tem criança em casa sabe o quanto elas são curiosas e questionadoras. Os olhos delas se encantam com tudo: as formas das sementes, de onde viemos, como surgem os planetas, o que é a morte, por que uns nascem do ovo e outros da barriga… E elas nos bombardeiam de perguntas (a famosa “fase do porquê”), mas encerram à força esse período em
    que entortam o ponto de exclamação e o transformam em uma interrogação quando são obrigadas a ficar em silêncio, confinadas em uma sala de aula. Os adolescentes já aprenderam a triste lição que se ensina diariamente nas escolas. Ler é chato. Os professores são chatos. Estudar só se for com dois fins bem específicos: nota na prova e dinheiro no futuro.

    Ciência e literatura só se aprendem por encantamento. E, se soubermos ler e olhar, tudo pode ser um universo a ser desvendado: uma pipa no céu, o som, a luz ou um livro. Como pais e mães, temos que ficar atentos para que essa fascinação pelo conhecimento não perca a cor. Qualquer criança é um cientista em potencial, porque a ciência não começa com as respostas, e sim com uma grande e ousada pergunta que somente os seres que não foram desencorajados a questionar fazem com maestria. Hoje, pesquisadores estudam a origem do universo, o que é e de onde surge a massa, como que de partículas sem peso que se juntam forma-se algo sólido, o que é força e qual é a sua origem… Tudo isso são indagações feitas também na infância. Se deixarmos que a curiosidade siga seu curso e encorajarmos nossas crianças a pesquisarem sobre o assunto (a encontrarem não respostas prontas, mas sim problemas, dúvidas e interpelações cada vez mais interessantes sobre o que estão estudando), elas criarão habilidades que permitirão um bom aprofundamento em qualquer tema.

    Uma criança que estuda o que quer e do jeito que ela acha melhor não terá preguiça de pegar em um livro futuramente. Pensar deve ser um ato espontâneo, livre, sem inibição, sem âncoras, sem horário definido, sem amarras, sem moldes e sem divisas. E é preciso que a criança viva, ao máximo, isso.

    Elika Takimoto é vencedora do Prêmio Saraiva Literatura, doutora em filosofia, mestre em história, professora e coordenadora de física do CEFET, autora de dez livros e mãe de Hideo, Nara e Yuki.

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