Da Redação
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta terça-feira (17) uma nota pública – endereçada aos políticos e à população em geral – na qual expressa sua preocupação com o surgimento de uma proposta feita por um grupo de empresários na última semana. Segundo a SBP, o projeto é uma ameaça ao acesso universal de forma gratuita aos serviços médicos e hospitalares, atualmente disponíveis na rede pública do Brasil.
Trata-se de um projeto defendido na última semana por empresas do ramo, por meio da Federação Brasileira de Planos de Saúde (Febraplan). O plano, apresentado no 1º Fórum Brasil – Agenda Saúde, tem o objetivo de privatizar o sistema e garantir, até 2038, que os serviços gratuitos estejam disponíveis apenas para 50% da população.
Assim, o Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição de 1988, seria substituído por outro modelo assistencial, ancorado no estímulo à contratação de convênios médicos ou pagamento de exames e consultas. No entendimento da SBP, isso prejudicaria, principalmente, as parcelas mais vulneráveis da população, como os mais pobres, os idosos, os aposentados e as crianças, com impacto negativo à possibilidade de acesso a consultas, exames, procedimentos e cirurgias, em especial os de mais alta complexidade. “A movimentação coordenada pelos empresários respalda interesses econômicos e financeiros que enxergam na assistência em saúde um grande mercado no Brasil. No entanto, para aumentar ainda sua lucratividade entendem que é preciso extinguir o SUS”, alega a SBP, em nota.
A entidade, que representa os interesses de cerca de 37 mil pediatras, ressalta ainda que considera inegável que o SUS, após três décadas de atividades, precisa ser rediscutido, mas defende que isso deve acontecer na perspectiva de seu aperfeiçoamento, com a melhora de aspectos como seu financiamento, modernização da gestão, fortalecimento de sua infraestrutura e, sobretudo, criação de mecanismos de controle e avaliação efetivos que punam os abusos e as irregularidades.
Procurada pela Canguru, a Federação Brasileira de Planos de Saúde (Febraplan) não se posicionou até o fechamento desta reportagem.