Da redação
Um vídeo recente publicado pelo grupo humorístico Porta dos Fundos abordou a questão das vacinas em crianças, se elas seriam vilãs ou heroínas. O programa Polêmica da Semana, um dos quadros do grupo, que de forma irônica trouxe posições a favor e contra a imunização das crianças, teve até hoje, 8 de novembro, quase 800 mil visualizações e cerca de 3.500 comentários
Ironias à parte, fato é que vem crescendo nos últimos anos um movimento anti-vacina, que incentiva os pais a não imunizarem os filhos. A corrente tem força principalmente nos Estados Unidos e na Europa, mas ganha adeptos também no Brasil. Entre os motivos para não vacinar, estariam a possibilidade da criança sofrer efeitos colaterais ou ter problemas como autismo ou síndrome da morte súbita infantil. O Ministério da Saúde afirma, no entanto, que tais condições não têm nenhuma relação com as vacinas e que as crianças devem sim ser vacinadas de acordo com o calendário anual de vacinação por faixa etária. Veja explicações detalhadas no link abaixo (corra a página até o fim).
http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/vacinacao/vacine-se
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), por ano, são evitadas entre dois e três milhões de mortes por conta das vacinas, especialmente, as ligadas à difteria, tétano, sarampo e rubéola.
Contudo, dados da própria OMS e do Ministério da Saúde mostram que a cobertura vacinal, que é obrigatória desde os anos 1970 e feita de forma gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), vem diminuindo no Brasil, aumentando os riscos de surtos de doenças até então erradicadas ou já controladas no país e no mundo, como sarampo, difteria e poliomielite.
A médica Ana Karolina Barreto, coordenadora do Departamento Científico de Imunizações da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) explica que as vacinas são seguras na maioria dos pacientes e eficazes em prevenir doenças infecciosas em todas as faixas etárias, da infância ao idoso.
Pessoas com dúvidas ou que estejam em alguma condição especial, como imunossupressão – tratamento que diminui a imunidade – ou que sabem ser alérgicas a algum componente da vacina podem procurar o auxílio de um médico para serem vacinadas com segurança. “Na dúvida, sempre busque informação em um serviço de saúde, em especial com o médico. O importante é não deixar de se vacinar. É preciso orientar a população do benefício da vacinação, que supera os riscos de reações adversas”, alerta a especialista.
Ao não vacinar os filhos, pais terão de assumir os riscos
O médico e colunista de saúde da radio CBN, Luis Fernando Correia, comentou o movimento anti-vacinas esta semana em seu programa. Ele disse que cerca de 13% da população do mundo inteiro é resistente à ideia de vacinar seus filhos, número que chega a 17% na Europa. Por esse entre outros motivos, o continente europeu enfrentou 40 mil casos de sarampo só este ano.
“Se você não vacinar o seu filho, além de colocar a vida dele em risco, pode matar uma criança que convive com ele, mas que por conta um doença imunológica ou um tratamento de câncer, pode não ter sido vacinado, e você vai ser culpado por essa morte”, alerta o médico.
Correia lembrou também que terapias alternativas não têm comprovação científica para a prevenção de doenças e não são capazes de gerar imunidade contra viroses como sarampo, meningite e outras que podem matar ou deixar sequelas graves nas pessoas.
O colunista da CBN disse ainda que não é ‘moderninho’ nem inteligente não vacinar as crianças. “Depois, vai ser difícil explicar pro seu filho porque ele tem um déficit neurológico ou uma sequela grave (…) e ter que assumir que decidiu não dar a vacina quando ele era criança”, concluiu o médico.
Surtos de sarampo no Brasil
Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo. Porém, este ano, o país já confirmou pelo menos 2.801 casos da doença até o último dia cinco de novembro, segundo o Ministério da Saúde.
Existem dois surtos da doença em Roraima e Amazonas, havendo também casos isolados em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rondônia e Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará, Distrito Federal e Sergipe. De acordo com o Ministério da Saúde, os surtos estão relacionados à importação, já que o genótipo do vírus (D8) que está circulando no país é o mesmo que circula na Venezuela, país com surto da doença desde 2017.
Outra doença já eliminada do país, mas com risco de ressurgimento é a poliomielite, conhecida como paralisia infantil. A cobertura vacinal para prevenção da doença estava abaixo de 50% até julho deste ano em 312 municípios brasileiros.
Entenda por que a vacinação evita doenças e salva vidas
http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/vacinacao/vacine-se
Mitos e fatos sobre a vacinação – OMS