Gritar com os filhos não adianta; veja o que propõe o método ABC

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    Foto: Pixabay

     

    Da redação

    ‘Vai tomar banho!’, ‘Guarda essa roupa!’ ‘Vem comer!’ ‘Para de bater no seu irmão!’ Ao longo da vida como pai ou mãe, certamente, você já gritou frases como essas para seus filhos e pode ser que tenha se questionado se valia a pena agir dessa maneira.

    Mas gritar com a finalidade de mudar um comportamento não é eficaz e apenas reforça tal hábito nas crianças. A prática tampouco legitima o pai ou a mãe como alguém que tem autoridade, mas sim que está fora de controle e já não sabe mais o que fazer, afirma um artigo do The New York Times sobre o assunto, de autoria de Stephen Marche, escritor e apresentador de um podcast sobre a natureza da paternidade moderna.

    Nas casas em que os gritos são recorrentes, as crianças tendem a desenvolver uma baixa auto estima e índices mais altos de depressão. Segundo um estudo da University of Pittsburgh, publicado no periódico Child Development, em 2014, gritar pode produzir sequelas nas crianças semelhantes ao castigo físico: altos níveis de ansiedade, estresse, depressão e aumento de problemas de comportamento.

    Para a maioria dos pais, porém, é difícil imaginar como chegar ao fim do dia sem dar um grito sequer. Ao mesmo tempo, os pais podem se perguntar o que fazer em vez de gritar e como deixar de fazê-lo.

    Enquanto as palmadas e os castigos têm caído em desuso e sido cada vez mais criticados pelos especialistas, o mesmo não se pode dizer dos gritos. Afinal, quase todo mundo grita com os filhos em certas (ou muitas) ocasiões, mesmo os pais que sabem que isso não funciona.

    O fato de saber que gritar não é adequado, não serve, opina Alan Kazdin, professor de Psicologia e Psiquiatria Infantil da Yale University, nos Estados Unidos e autor de 49 livros sobre temas como educação e criação dos filhos. “Se a meta é modificar uma conduta ou estimular um hábito positivo, essa não é a maneira de consegui-lo”, explica o especialista. 

    Não gritar requer um planejamento consciente e muita disciplina por parte dos pais. Kazdin promove um programa chamado de ABC, sigla em inglês para os termos antecedents, behavior and consequences. O que pode ser traduzido para antecedentes, condutas e consequências.

    O antecedente é o ponto de partida para dizer à criança de forma antecipada o que você deseja que ela faça. As condutas boas ou más são definidas e moldadas pelos pais. E as consequências envolvem uma expressão de aprovação quando se realiza a conduta desejada, aprovação essa que deve ser exibida aos quatro ventos e acompanhada de um gesto físico.

    Portanto, em vez de gritar ao seu filho todas as noites porque ele deixou os sapatos no chão, peça pela manhã que, ao chegar em casa mais tarde, ele os guarde. Assegure-se de fazer o mesmo quando você chegar em casa. Se o seu filho obedeceu, diga-lhe que fez um grande trabalho e logo lhe dê um abraço, sugere o programa de Kazdin.

    O método de elogio do ABC propõe que os pais ressaltem com voz alegre e em bom tom qual conduta especifica está sendo elogiada. Assim, a criança percebe o elogio que acompanha o bom comportamento.

    “Buscamos criar hábitos”, disse Kazdin ao The New York Times. Essa prática modifica o cérebro e, no processo, as condutas que os pais queriam eliminar simplesmente desaparecem”, completou o especialista. Ele diz ainda que como efeito secundário, ao realizar tais ações, a depressão e o estresse dos pais diminui e as relações familiares melhoram.

    Se nossos filhos se comportam melhor, não sentiremos necessidade de gritar com eles; e se não gritamos, eles se comportarão melhor.

    O programa do ABC permite que em vez de reagir frente às mas condutas dos filhos, os pais se planejem. Kazdin ressalta porém que os humanos tendem à negatividade. “É algo que está no cérebro e que nos faz muito mais sensíveis as coisas negativas que nos rodeiam”. Segundo o professor, estamos programados para gritar. É um instinto de sobrevivência que tem afetado aqueles a quem se supunha que se deveria proteger. É difícil deixar de gritar porque nos dá a impressão de que estamos educando os nossos filhos.

    De acordo com o artigo do jornal americano, na década dos anos 1960, 94% dos pais recorria ao castigo físico, prática que se reduziu a 22% em 2010, segundo uma pesquisa. É provável que a influencia de estudos e especialistas no desenvolvimento infantil tenha contribuído para modificar tais hábitos. Mas é fato também que a redução de tal comportamento está relacionada a sua ineficácia; deixamos de dar palmadas quando encontramos uma forma mais eficaz para modificar a conduta, que não inclui a violência. Para que castigar com golpes se isso não funciona? O mesmo ocorre com os gritos. Por que você grita? Não é pelo bem das crianças.

    As técnicas disciplinárias têm de ser efetivas, destaca o artigo, e ajudar os pais para que as crianças façam o que eles querem – e não o que elas desejam. O elogio funciona, o castigo não.

     

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