Estratégias de regulação emocional para pais e filhos

Psicóloga orienta famílias para que saibam lidar com emoções intensas

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Identificar as emoções e poder nomeá-las permite entender melhor o que está acontecendo
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Por Helen Mavichian* – A regulação emocional é uma habilidade essencial para o bem-estar de pais e crianças. Saber lidar com as emoções de forma saudável permite não apenas enfrentar os desafios do dia a dia, mas também criar vínculos mais fortes e duradouros. No entanto, essa tarefa nem sempre é simples, especialmente em momentos de estresse ou quando as emoções parecem tomar conta da gente. Por isso, é importante desenvolver estratégias que ajudem tanto os pais quanto as crianças a reconhecer, compreender e manejar seus sentimentos. 

O primeiro passo para a regulação emocional é a conscientização. Tanto os pais quanto as crianças precisam aprender a identificar o que estão sentindo e dar nome às emoções. Para as crianças, isso pode ser feito de forma lúdica, utilizando histórias, desenhos ou até mesmo perguntando: “Como você está se sentindo agora? Feliz, triste, bravo?” Já os pais podem praticar essa identificação internamente, refletindo sobre suas próprias emoções antes de reagir a uma situação. Essa prática inicial cria um espaço para a pausa e para a compreensão do que está acontecendo internamente. 

A conexão emocional também é fundamental. Quando os pais conseguem se conectar com os sentimentos da criança, eles oferecem um modelo de empatia e compreensão. Isso pode ser tão simples quanto validar o que a criança está sentindo. Em vez de dizer “Não chore, não foi nada”, uma abordagem mais acolhedora seria: “Eu vejo que você está triste. Quer conversar sobre isso?” Esse ato de reconhecimento ajuda a criança a entender que seus sentimentos são legítimos e que ela não está sozinha ao enfrentá-los. 

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Além disso, é importante ensinar maneiras práticas de lidar com emoções intensas. Para as crianças, técnicas de respiração profunda ou contagem de até dez podem ser poderosas aliadas nos momentos de frustração ou raiva. Elas também podem aprender a se acalmar através de atividades que envolvam movimento, como desenhar, brincar ou ouvir música. Já os pais, ao modelarem comportamentos de calma, podem usar essas mesmas estratégias, demonstrando que é possível pausar, respirar e agir de maneira mais consciente diante de situações difíceis. 

Outro elemento chave é a criação de um ambiente que favoreça a regulação emocional. Isso significa estabelecer uma rotina previsível, com momentos de descanso, brincadeira e diálogo. Para as crianças, saber o que esperar ajuda a reduzir a ansiedade, enquanto os pais, ao dedicarem tempo para cuidar de si mesmos, conseguem lidar melhor com os desafios emocionais. Afinal, a regulação emocional dos pais é diretamente refletida na dos filhos. Quando os adultos conseguem se acalmar e manter a paciência, eles ensinam, pelo exemplo, que é possível encontrar equilíbrio mesmo nos momentos mais complicados. 

Por fim, é importante lembrar que a regulação emocional é uma habilidade que se desenvolve com o tempo e a prática. Não se trata de nunca sentir raiva ou tristeza, mas de aprender a lidar com essas emoções de forma construtiva. Com paciência e consistência, pais e crianças podem construir juntos um repertório emocional mais saudável, fortalecendo a relação familiar e promovendo um ambiente onde todos se sintam acolhidos e compreendidos. Esse processo, embora desafiador, é também profundamente recompensador, pois forma a base para uma vida mais equilibrada e emocionalmente satisfatória. 

*Helen Mavichian é psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP).

*Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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