A “dor do crescimento” atinge a faixa etária de 3 a 12 anos de idade e é considerada parte da infância, mesmo que por vezes seja desconfortável. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o uso do termo “dor do crescimento” é inadequado: “Apesar do nome, essas dores não estão relacionadas ao crescimento do corpo, que sequer é doloroso. Elas são comuns e não causam problemas graves ou permanentes. Em muitos casos, há história do mesmo tipo de dor nos pais ou irmãos”.
Trata-se de uma dor recorrente em membros, que acontece repetidamente, geralmente nas pernas, nas regiões das coxas, panturrilhas e canelas, aparecendo no fim do dia ou à noite, ou mesmo podendo acordar a criança de madrugada. Tem intensidade de leve a intensa, mas raramente interfere nas atividades diárias e brincadeiras.
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Embora prevista, o médico ortopedista Cleber Furlan diz que mães e pais precisam ficar atentos quando as queixas se tornam recorrentes e surgem outros sintomas. “Se além das dores aparecer febre, algum edema, perda de apetite e manchas na pele, por exemplo, é importante consultar um especialista para descartar possíveis doenças pré-existentes”.
A SBP alerta que os pais devem ficar atentos se a dor:
- Afetar apenas uma perna ou um braço;
- Está acompanhada de inchaço, vermelhidão, febre, perda de peso, ínguas ou alterações físicas em outras partes do corpo;
- Interferir nas atividades diárias da criança ou adolescente e atrapalhar brincadeiras;
- Ocorrer nas articulações ao acordar, ou se houver inchaço, vermelhidão ou dor nas articulações.
Outros fatores
De causas e origens ainda não descobertas, algumas teorias buscam explicar essas dores recorrentes a partir de atividade física (impactos que podem causar microlesões em músculos e articulações), fatores psicológicos (estresse emocional e ansiedade), fatores genéticos e sedentarismo. Como efeito, as dores podem chegar a interferir na qualidade do sono e impacto em atividades físicas corriqueiras, afirma o médico.
Ele relata que o diagnóstico é dado após a exclusão de outras condições que podem causar dor, como artrite, infecções ou lesões, e análise do histórico médico da criança e do padrão das dores, com exames físicos específicos para descartar outras possíveis causas.
“O tratamento geralmente é sintomático, já que a condição não requer intervenção médica específica”, aponta Furlan. São recomendados, sob supervisão médica, o uso de analgésicos comuns (paracetamol, ibuprofeno), compressas quentes, massagem e atividade física para manter a criança ativa, bem como apoio emocional, complementa o ortopedista.