Pais estão ‘estressados’ e ‘precisam de apoio’, afirma autoridade de saúde dos Estados Unidos 

Para o cirurgião-geral Vivek Murthy, o trabalho de criar uma criança é crucial para a saúde e o bem-estar de toda a sociedade

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Crianças brincam junto a pais estressados
Comunicado reconhece o estresse parental como um problema de saúde pública
Buscador de educadores parentais
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O cirurgião-geral dos Estados Unidos, Vivek Murthy, que representa a principal autoridade de saúde do país, divulgou um novo comunicado no fim de agosto, destacando altos níveis de estresse entre os pais e a necessidade de maior suporte às famílias. A publicação faz parte de uma série de declarações recentes sobre mídia social e saúde mental dos jovens e rótulos de advertência para mídia social. Tratam-se de declarações oficiais que buscam chamar a atenção do povo americano a questões urgentes de saúde pública e fornecem recomendações sobre como elas devem ser abordadas. 

“O estresse que pais e cuidadores têm hoje está sendo repassado para crianças de forma direta e indireta, impactando famílias e comunidades em toda a América. E na sociedade moderna, a parentalidade é muitas vezes retratada como algo menos importante e menos valorizado. Nada poderia estar mais longe da verdade”, disse o médico. 

A seguir, veja alguns dos principais apontamentos feitos pelo médico no comunicado: 

1. Os pais estão estressados 

Os números realmente são impressionantes: 41% dos pais dos EUA dizem que na maioria dos dias eles estão tão estressados que não conseguem funcionar. Isso é mais que o dobro do número de outros adultos (20%) que dizem a mesma coisa.  

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2. Os pais de hoje enfrentam estressores únicos 

O relatório sugere que certos aspectos da parentalidade moderna podem estar contribuindo para altos níveis de estresse. Estes incluem: 

Tensão financeira 

Na última década, os preços dos cuidados infantis aumentaram cerca de 26% nos EUA. E um em cada quatro pais afirma que houve momentos no ano passado em que não tinha dinheiro suficiente para necessidades básicas, como alimentação ou pagamento de aluguel. 

O tempo exige 

Desde 1985, a quantidade de tempo que os pais passam trabalhando aumentou (+28% para as mães, +4% para os pais). Mas, de alguma forma, a quantidade de tempo que eles passam envolvidos em cuidados primários com as crianças, como cuidar fisicamente delas e brincar com elas, também aumentou muito (+40% entre as mães, +154% entre os pais). De acordo com o relatório, essas demandas “vieram ao custo de tempo de qualidade com o parceiro, sono e tempo de lazer dos pais”.  

Preocupações com as crianças 

Dadas as crescentes taxas de preocupações com a saúde mental nos últimos anos, 3 em cada 4 pais se preocupam que seus filhos sofram de ansiedade ou depressão. Os pais também estão preocupados com a segurança das crianças, com ferimentos relacionados a armas de fogo agora sendo a principal causa de morte em crianças de 1 a 19 anos. E como sabemos muito bem, as preocupações com tecnologia e mídia social são altamente prevalentes entre os pais de hoje.    

Isolamento e solidão 

A falta de apoio social é um dos principais contribuintes para o estresse. A maioria dos pais (65%) relata sentir solidão, em comparação com 55% dos não-pais.   

3. O estresse excessivo pode aumentar o risco de problemas de saúde mental 

Outra lição do aviso: quando o estresse é extremo ou crônico, ele pode aumentar o risco de doença mental. Em 2021-2022, quase um quarto (23,9%) de todos os pais dos EUA tiveram uma doença mental. As condições de saúde mental afetam desproporcionalmente certos grupos de pais, incluindo aqueles que enfrentam pobreza, racismo, discriminação e violência.  

No comunicado, o cirurgião-geral apontou quatro recomendações amplas para melhor apoiar os pais. Elas incluem:  

  • “Valorizar e respeitar o tempo gasto como pais em pé de igualdade com o tempo gasto trabalhando em um emprego remunerado”; 
  • Reconhecer que os pais não devem ter que criar os filhos inteiramente sozinhos (ou seja, eles precisam de ajuda!);
  • Falar abertamente sobre o estresse da criação dos filhos; 
  • Priorizar a conexão e a comunidade entre os pais. 

Vivek Murthy afirmou ainda que algo tem que mudar: “começa com uma mudança fundamental em como valorizamos a parentalidade, reconhecendo que o trabalho de criar uma criança é crucial para a saúde e o bem-estar de toda a sociedade.” 

Para Jacqueline Nesi, psicóloga e professora na Brown University (EUA), ao emitir um aviso como esse, o cirurgião-geral reconhece o estresse parental como um problema de saúde pública. “Muitas vezes, o bem-estar dos pais é visto como um nicho de pouca relevância para as muitas outras questões maiores e mais importantes que impactam a sociedade. Porém, todo adulto que contribui para a sociedade começa como uma criança que precisa de parentalidade. O bem-estar dos pais tem implicações de longo alcance para nossos filhos, nossas instituições e nosso mundo”, ressalta Jacqueline, em sua newsletter Techno Sapiens, que traz pesquisas e dicas práticas para viver e criar filhos na era digital.  

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