Da redação
Um estudo recém publicado no Journal of Developmental Behavioral Pediatrics, dos Estados Unidos, revelou que os aplicativos usados por crianças pequenas possuem um alto índice de publicidade por meio ‘métodos manipuladores e disruptivos’. Segundo a pesquisa, realizada na University of Michigan Medical School, esses resultados têm implicações na regulamentação de publicidade, nas escolhas de uso de mídia pelos pais e no valor educacional dos aplicativos.
A investigação observou o conteúdo de 135 aplicativos – a maior parte deles (96) entre os mais baixados (pagos e gratuitos) na categoria de até cinco anos no Google Play – e constatou que 95% continham pelo menos um tipo de publicidade.
Entre os formatos encontrados, estão caracteres comerciais (42%); teasers de aplicativo completo (46%); anúncios publicitários que interrompem o jogo; sugestões de compras de itens dentro do aplicativo (30%), avaliação (28%) ou compartilhamento (14%) do mesmo; anúncios que distraem, como banners na tela (17%) ou anúncios ocultos com símbolos enganosos, como “$”, ou camuflados como itens de gameplay (7%).
Segundo o estudo, havia maior presença de publicidade nos aplicativos gratuitos do que nos pagos (100% contra 88%), mas as taxas eram semelhantes quando comparados aplicativos rotulados como “educacionais” a outras categorias.
Estratégias para usar as telas com equilíbrio
O jornal The New York Times convidou um especialista para comentar o tempo de tela pelas crianças. Warren Buckleitner é membro sênior do Fred Rogers Center for Early Learning e da Children’s Media e editor do Children’s Technology Review.
Em artigo na sessão Well Family do último dia um de novembro, Buckleitner relata que dependendo de como as telas são usadas, elas podem promover novas interações e dar às crianças um novo tipo de ‘voz’, em áreas como música, vídeo e codificação.
‘Você pode evitar afogamentos em crianças construindo muros ao redor de piscinas ou ensinando uma criança a nadar. Enquanto alguns pais colocam sua energia em restrições, outros, optam pela capacitação’, ressalta o especialista.
Para tanto, Buckleitner destaca um trio de estratégias baseadas na sigla ABS. A de acesso, B de balance, que aqui chamaremos de Equilíbrio e S de suporte.
A Acesso
Só há uma maneira de aprender como a tecnologia funciona: usando-a. Isso significa brincar com câmeras digitais, baixar aplicativos, usar laptops e videogames. Com o acesso à mídia de qualidade, os pequenos descobrirão como encontrar um sinal de wi-fi para evitar cobranças de roaming ou como obter uma música de um CD para um arquivo, por exemplo.
E Equilíbrio.
Assim como uma dieta saudável consiste em uma variedade de alimentos, uma criança precisa de uma mistura de atividades concretas e abstratas, realidade e ficção. Logo, para contrapor o tempo nas telas que tende a ser abstrato e simbólico, vale investir também em atividades reais e concretas como acampar em um parque e apreciar o charme de uma fogueira. Nesse caso, as telas podem sim ser usadas para fotografar o por-do-sol ou as belas paisagens do local.
S Suporte.
Se deixadas sozinhas assistindo a um desenho, as crianças vão fazer o que bem entenderem. Eles precisam de supervisão de um adulto e modelos para definir limites e demonstrar como usar a tecnologia para melhorar e capacitar – em vez de distrair e perder tempo.
Assim, em breve seu filho será capaz de gravar e editar um vídeo para um projeto de classe, encontrará com facilidade onde baixar um aplicativo de cálculo, saberá usar um caixa eletrônico, poderá postar algumas fotos da sua formatura no Facebook e – mais importante – terá a sabedoria de quando não postar ou twittar algo, conclui o especialista em outro texto sobre o assunto publicado pelo Fred Rogers Center.
Em tempos em que os dispositivos eletrônicos já fazem parte do dia a dia das crianças, fica aí a sugestão de como promover um uso mais saudável desses aparelhos.