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Férias com pets: planejamento e cuidados a tomar durante a viagem

Veterinários orientam famílias quanto a como preparar o animal para o passeio e o que fazer para garantir uma viagem tranquila para todos; se o bichinho não for junto, veja quais são as recomendações dos especialistas

Colagem de criança e cachorro em viagem com pets em um avião.
Especialmente para as famílias que adotaram um pet pela primeira vez, se preparar para o momento da viagem é fundamental para o conforto de todos.
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Durante o período de pandemia, muitas famílias adotaram ou compraram pets para fazer companhia às crianças em casa. Segundo a pesquisa Radar Pet 2021, apresentada pela Comissão de Animais de Companhia (COMAC), o número de pets nos lares brasileiros aumentou em 30% durante o período de isolamento social. Os dados ainda demonstraram que 23% do público de tutores analisados no estudo adotaram ou compraram um pet pela primeira vez.

Entretanto, após o avanço da vacinação contra a covid-19 no país e a diminuição no número de mortes e casos, muitas das famílias que estavam em casa voltaram a planejar passeios e viagens para o período de férias das crianças. Os pets, nesse contexto, não podem ficar de fora do planejamento: é essencial analisar se o animal irá junto com a família na viagem, se ficará com alguém de confiança ou em um hotel especializado. Além disso, é bom se programar em relação aos eventuais gastos gerados por esses cuidados, e, caso ele não acompanhe na viagem, preparar os pequenos para lidar com esse período sem contato com o animalzinho.

Cuidados ao levar o pet

Se a família optar por levar o animal junto na viagem, alguns cuidados são indicados para garantir o conforto do animal. Thalita Lopes de Souza, médica veterinária e gerente técnica de animais de Companhia da Zoetis, explica que é importante certificar-se de que vacinas, vermífugos e anti parasitários estejam em dia. Além disso, a depender do meio de transporte utilizado, algumas medidas específicas precisam ser seguidas. “Se a viagem for de carro, fazer paradas estratégicas para o animal beber um pouco de água (não muita) e fazer necessidades. Também existem cadeirinhas especiais para transportar o pet em segurança no carro. Se utilizar uma caixa de transporte, use uma com tamanho suficiente para que ele consiga ficar de pé e virar-se”, indica a veterinária. 

Na família de Marilene B. Severino, mãe do Nicolas, de 9 anos, as viagens de carro são planejadas também pensando no conforto do shih tzu Spike. O cão se tornou companhia da casa durante a pandemia, em 2020, e já os acompanhou na estrada. “Procuramos sempre levar o Spike junto, não gostamos de deixar ele”, conta. Ela diz que, ao se programar para o trajeto, a primeira coisa que checa é a carteirinha de vacinação. “Depois, remédio para verme, pulga,carrapato, e também comida e água que vai consumir durante a viagem. Fazemos paradas durante a viagem para ele andar, fazer xixi e cocô”, completa.

Nicolas, de 9 anos, e seu shih tzu Spike em uma viagem com pets no carro feita pela família
Nicolas e o cão Spike no carro a caminho de uma viagem. | Imagem: arquivo pessoal

No carro, prepare o pet para o trajeto

Segundo Marilene, a família busca fazer viagens em que Spike também possa ir, já que o pet gosta de participar das viagens, e não passa mal durante o trajeto. Entretanto, caso seu cão ou gato seja um passageiro de primeira viagem, é importante lembrar de conhecer sua condição em particular antes de decidir viajar com ele, e tomar os cuidados indicados pelo veterinário para que o pet não tenha enjoos e possa ter uma boa experiência de viagem. 

A veterinária Thalita Lopes recomenda que uma avaliação com um médico-veterinário antes do trajeto seja feita, para confirmar se sua vacinação está correta e se as condições de saúde são ideais. Em caso de viagens mais longas de carro, ela ressalta também que é fundamental ir acostumando o animal aos poucos, realizando trajetos curtos e ir aumentando progressivamente para melhor adaptação. “Se o cão enjoa quando viaja, um veterinário pode sugerir um comprimido específico para pets, para controle do enjoo do movimento, garantindo uma viagem segura e gostosa para todos, sem vômito nem mal-estar. Para acostumar o animal a passear desde pequeno, recompense-o sempre que ficar calmo durante a viagem, para reforçar esse bom comportamento”, diz a especialista referindo-se à prática de recompensar animais pelo bom comportamento adotada por muitas famílias e adestradores.

Thalita Lopes, médica veterinária e gerente técnica de Animais de Companhia da Zoetis
Thalita Lopes, médica veterinária e gerente técnica de Animais de Companhia da Zoetis. | Imagem: divulgação

Dr.ª Khadine Kazue Kanayama, Médica-Veterinária e Diretora Técnica do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, também recomenda que o animal não se alimente logo antes de sair para a viagem. “O ideal é evitar alimentar o animal de estimação nas três horas anteriores a saída, para que não fique nauseado, mesmo que ele esteja habituado a viagens. Recomenda-se também que a quantidade de alimento oferecido seja reduzida para não aumentar a defecação”, completa Khadine.

Para um maior conforto no carro, a especialista também dá algumas dicas que podem ajudar a deixar o animal mais tranquilo e a viagem com pets mais agradável para a família. Para animais com menos de 10kg, é indicado providenciar uma caixa de transporte com tamanho compatível com o animal, onde ele consiga ficar em pé, dar uma volta sobre seu próprio corpo e deitar confortavelmente. Segundo a especialista, tapetes higiênicos, panos e toalhas podem ser utilizadas dentro da caixa. Já para animais com peso maior que 10kg, é indicado o uso de cinto de segurança: “funciona como um peitoral que é prendido no mesmo local do cinto de segurança, acomodando o animal no banco de trás.”

“Para os gatinhos, uma boa opção, é deixar a caixa de transporte no ambiente do animal, para ele já ir se adaptando em entrar e sair. A utilização de feromônios sintéticos felino em spray são indicados borrifar na caixa, diminuindo assim o estresse”, explica Khadine. Esse produto lembra o odor da substância química secretada pelos felinos e ajuda a mantê-los mais tranquilos. Antes de usá-lo, vale conversar com o médico veterinário sobre o seu uso.

Dr.ª Khadine Kazue Kanayama, Médica-Veterinária e Diretora Técnica do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP
Dra Khadine, médica veterinária e Diretora Técnica do Hospital Veterinário da FMVZ -USP. | Imagem: Assistência de Comunicação/ FMVZ- USP Imagens

No ônibus, cheque as regras de cada companhia

No caso de viagens com pets de ônibus, Thalita Lopes recomenda consultar a companhia rodoviária e checar as regras de transporte do animal. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estabelece algumas regras para uma viagem mais tranquila, como apresentar a carteira de vacinação atualizada e, no caso de viagens interestaduais, apresentar o Atestado Sanitário Para Cães e Gatos, assinado por um veterinário, atestando o bom estado de saúde do animal. Entretanto, outras normas podem variar de acordo com cada uma das companhias. Por isso é importante realizar o contato antecipadamente para tirar eventuais dúvidas, verificar se há a necessidade de comprar um assento apenas para o animal, ou se é possível apenas transportá-lo com uma caixa de transporte, no caso dos cães de pequeno porte. Se for viável levá-lo junto na viagem de ônibus, também é ideal avisar que haverá um animal na viagem, pois existe um limite no número de animais que podem viajar em cada veículo.

No avião, o cuidado é redobrado

Apesar de ser comum o transporte de animais de companhia, nas viagens em família de avião, esse processo requer alguns cuidados extras, e pode ser uma tarefa mais complicada para a família.

Se for apenas uma viagem de férias, com prazo de ida e volta, Thalita Lopes diz que “o ideal é que o pet fique em casa sob supervisão ou no hotelzinho, para seu conforto e bem-estar.”

“Além da necessidade de vacinas, vermífugos e antiparasitários e documentos exigidos, existem as possíveis longas esperas nos aeroportos, a possibilidade de o pet não conseguir viajar na cabine com o tutor e ter de ser despachado junto com malas, pois existe um peso limite para viajar na cabine, a depender de cada companhia aérea, considerando o peso do animal somado ao peso da caixa de transporte. Também há os custos altos e estresse da limitação de espaço, que podem gerar ansiedade, alterações de comportamento e problemas de saúde no animal”, explica Thalita.

O ideal é checar com cada companhia aérea o valor envolvido com o transporte do animal e as regras estabelecidas, mas, normalmente, cães e gatos de até 10kg, incluindo a caixa, podem viajar com os tutores na cabine. Animais acima desse limite viajam em um compartimento de carga especial, em local separado na aeronave. Em algumas companhias, especialmente para viagem internacional, pode ser requisitado que o animal tenha um microchip para identificação.

A questão da documentação é muito importante na viagem com pets em aviões, pois o animal não pode embarcar sem elas. Thalita indica: “Observe a documentação necessária para viajar, como Atestado Sanitário, Guia de Trânsito Animal, comprovante de vacinação, e, para viagens internacionais, o Certificado Zoo Sanitário Internacional. É importante atentar aos prazos de última dose de vacina e quais vacinas são obrigatórias, o que pode variar de país para país.”

Normalmente, as companhias disponibilizam informações de fácil acesso com preços e documentação sobre o transporte de pets em seus sites. Algumas delas podem ser encontradas aqui:


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E quando não dá para levar na viagem?

Apesar dos meios diversos de adaptação para que o animal possa acompanhar a família e as crianças durante a viagem, também há ocasiões em que o destino não permite animais, ou a melhor opção é não levar o pet junto no trajeto. Marilene Severino relata que já precisou deixar o cãozinho Spike em uma das viagens, e o filho Nicolas sentiu a falta do animal. “Foi bem difícil para o Nicolas, ele não queria deixar o Spike. Chorou por ter que deixar ele aqui”, conta. 

Na família de Rosenir Andrade, mãe do João, de 6 anos, e da Júlia, de 15 anos, a companhia da cachorrinha Mel já vinha desde antes do período de pandemia. Mel já está com a família há mais de 7 anos, e, durante as viagens, já acompanhou no trajeto algumas vezes. Contudo, na maior parte das ocasiões, ela fica com uma cuidadora até os tutores retornarem. 

Rosenir relata que deixar Mel de fora da viagem também é um processo difícil para os filhos, especialmente para a filha Júlia, mas muitas vezes é a opção mais viável. “O João não gosta de deixá-la, mas é complicado sempre levá-la. Ele fica pedindo fotos para a cuidadora”.

Mel, pet da família de Rosenir Andrade, costuma ficar com uma cuidadora nas viagens da família
Mel, pet da família de Rosenir Andrade, costuma ficar com uma cuidadora nas viagens da família. | Imagem: arquivo pessoal

Segundo a Dr.ª Khadine Kazue Kanayama, quando a família for viajar e não puder levar seu animal de estimação, vale tomar alguns cuidados e estar ciente que durante esse período, o animalzinho pode apresentar alterações comportamentais, como a síndrome da ansiedade por separação, e ficar assustado ou com diminuição do apetite. “Além disso, o animal em hipótese alguma deve permanecer sozinho. Ele deve ficar sob cuidados de pessoas conhecidas, de confiança da família, que gostem de animais e preferencialmente que o pet esteja acostumado também”, completa Khadine.

Rosenir conta que, em uma das viagens longas que fizeram depois de ter a Mel na família, foi possível observar que a cachorrinha sentiu a ausência dos donos. “Fizemos uma viagem de avião, e ela ficou com a cuidadora. Foi a época mais difícil, pois ficamos muito dias fora. Quando voltamos a Mel estava muito abatida, triste”, lembra.

Nesse contexto, caso seja possível, a Dra Khadine recomenda levar o animal alguns dias antes da viagem para adaptação e reconhecimento do ambiente em que irá ficar, pois isso também pode ser uma boa forma de ajudar no momento de separação durante o período de viagem com pets. A veterinária também cita alguns cuidados prévios para a estadia do animal que são fundamentais para seu conforto e segurança nessa adaptação: “Preparar a bagagem com alimento preferido e habitual, comedouro, bebedouro, brinquedos, caminha e paninhos ou toalhas dele, guia/coleira para eventuais passeios, carteirinha de vacina, remédios de uso contínuo, deixar recomendações e orientações por escrito e o contato telefônico do proprietário e do médico-veterinário que acompanha o animal.”

Hotéis e cuidadores de confiança são boas opções

Hotéis, creches, babás de pets, cuidadoras e pessoas próximas da família são algumas das opções de apoio que o pet pode receber enquanto a família estiver na viagem. Caso a família optar por deixar seu animal em hotéis especializados, Khadine Kanayama recomenda visitar o site e redes sociais do local para avaliar se ele possui boas referências e avaliações, e também ver o próprio ambiente presencialmente para verificar se apresenta boas condições higiênico-sanitárias.

“Para os animais ansiosos ou hiperativos o hotelzinho é uma ótima opção, mas há a necessidade de isolamento entre cães e gatos, proteção acústica e enriquecimento ambiental”, ressalta Khadine.

Hoje, existem também apps, como o DogHero, que facilitam o encontro de babás de pets para todas as necessidades, seja para apenas um dia longe do animal, ou para uma estadia longa devido à viagem. Os valores podem variar de acordo com cada tipo de serviço e o preço de cada cuidador; é possível encontrar até mesmo veterinários especializados que trabalham como pet sitter, creche e hospedagem de cães e gatos, permitindo encontros antes da viagem para que o animal se acostume com a pessoa e o local que irá ficar.

“Se optarem por deixar o animal em casa, pode-se contratar um pet sitter, ou pedir a um amigo ou parente, que, diante do acordado, fará visitas diárias ao animal para alimentação, troca de água, higiene, recreação”, recomenda Thalita Lopes. “Para gatos, o ideal é a contratação de um pet sitter, que tomará os mesmos cuidados. Em qualquer caso, é importante deixar os contatos do médico-veterinário para que o cuidador entre em contato, caso haja necessidade.” 

Pesquisar com antecedência é essencial

Independente da opção que a família escolher para o período de viagem com pets, se preparar com antecedência é a chave para que as férias sejam tranquilas e sem maiores preocupações com os animais. Passar pela avaliação de um médico veterinário é importante tanto para viagens de carro, ônibus ou avião, quanto para a estadia em hotéis e casa de cuidadores de confiança, para assegurar a saúde do animal e o conforto das crianças e da família na companhia do pet após as férias. Além disso, caso o animal vá ficar separado das crianças no período, ter uma conversa antes da viagem para explicar a situação aos pequenos ajuda para que eles se preparem para o momento e não sintam tanto o impacto da falta companhia do pet no momento de viajar.


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