Home Crianças

Quase 40% das crianças reconhecem discriminação na internet

Buscador de educadores parentais

Agência Brasil

Foto: PixabayAo navegar na internet, 37% das crianças e adolescentes usuários da rede identificaram alguma forma de discriminação no ambiente virtual. Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), o percentual equivale a 8,8 milhões de jovens entre 9 e 17 anos. Ao todo, o estudo aponta que existem 23,7 milhões de internautas na faixa etária, equivalente a 80% dessa parcela da população.

Os atos de intolerância atingiram, diretamente, de acordo com o estudo, 6% das crianças e adolescentes usuárias da internet. A visualização de conteúdos ofensivos foi maior entre aqueles com pais que concluíram ao menos o ensino médio (43%), entre 15 e 17 anos (51%) e pertencentes as classes A e B (46%).

Essas faixas são mais atingidas, segundo a coordenadora da pesquisa, Maria Eugênia Sozio, não só porque são as parcelas com mais acesso à rede, mas também os grupos que têm maior capacidade de identificar esse tipo de ofensa. “Por um lado, as crianças mais velhas, cujos pais têm escolaridade maior e de classe sociais mais altas, têm um acesso muito mais intenso à rede, portanto, estão mais expostas a esse tipo de conteúdo. E por outro lado, isso diz respeito a percepção a esse tipo de conteúdo”, ressaltou, ao divulgar os dados.

O preconceito por raça ou cor foi a forma de discriminação mais identificada pelos jovens, encontrado por 23% daqueles que usam a internet. Ações agressivas relacionadas à aparência física foram vistas por 13% deles, por gostar de pessoas do mesmo sexo por 10% e por ser pobre por 8%. São mencionados ainda preconceito religioso (7%), pelo local de residência (4%) e contra mulheres (3%).

Frequência de acesso

A pesquisa identificou um crescimento significativo da frequência de acessos pelas crianças e adolescentes. percentual dos que se conectam mais de uma vez por dia subiu de 21%, no estudo referente a 2014, para 66% no atual, com dados coletados em 2015.

O aumento do percentual de jovens que navegam na rede mais de uma vez por dia foi ainda mais expressivo na faixa de 15 a 17 anos (de 17% para 77%) e entre os jovens das classes A e B (de 21% para 75%). Entre os recortes apresentados, a menor variação foi entre as crianças e adolescentes das classes D e E. A alta passou de 25% para 49%.

Para elaboração da pesquisa foram feitas 6,1 mil entrevistas presenciais com crianças, adolescentes, pais e responsáveis, em 350 municípios, entre novembro de 2015 e junho de 2016. O trabalho foi realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), através do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).

Celular

Foto: PixabayO crescimento na frequência de acessos está ligado, segundo Maria Eugênia, a expansão do uso de telefone celular pelos jovens observada nos últimos anos. “Desde 2012 até agora, a frequência de acessos na internet se intensificou por crianças e adolescentes. Muito disso pode ter relação do uso por dispositivos móveis. O dispositivo que permite o acesso a rede de praticamente qualquer lugar, de qualquer forma, a qualquer horário”, destacou a coordenadora do estudo.

O telefone móvel é o principal meio usado pelo público com menos de 18 anos para se conectar, sendo utilizado por 83% deles (82% na pesquisa anterior). O computador de mesa perdeu relevância, era usado por 56% dos jovens no levantamento anterior e agora faz parte do cotidiano de apenas 38%. O tablet era usado por 32% e, atualmente, por 21%. O computador portátil variou levemente, de 36% na pesquisa anterior, para 33% na atual.

Nesse sentido, ficou em 31% o percentual de crianças e adolescentes que acessam a rede somente pelo celular. O índice chega a 41% entre os que vivem em áreas rurais e 53% nos residentes na região Norte. No público entre 15 e 17 anos, 39% utilizam a internet apenas através do telefone móvel.

A partir do aparelho portátil, os jovens acessam a rede de diversos locais. Caiu de 90% para 86% o percentual dos que acessam o mundo virtual em casa. Subiu de 60% para 73% os que usam a internet na residência de outra pessoa. Declararam usar em locais públicos, como centros comerciais, igrejas ou lanchonetes, 35%.

Essa dinâmica traz, no entanto, alguns problemas, na avaliação do gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, Alexandre Barbosa. “Certamente, para comunicação, como o Facebook e redes sociais de uma maneira geral, o celular resolve. No entanto, para desenvolver outras habilidades mais complexas, o telefone celular é um limitador. E , infelizmente nós temos um maior acesso unicamente pelo celular justamente nas classes menos favorecidas”, ressaltou.

SEM COMENTÁRIO AINDA

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, deixe seu comentário
Seu nome aqui

Sair da versão mobile