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Incontinência urinária infantil: muito além do xixi na cama

Quando a perda involuntária de urina se prolonga ao longo dos anos, pais devem estar atentos e procurar um especialista para analisar o quadro; se diagnosticada tardiamente, incontinência traz consequências irreversíveis para a vida adulta

Menina com a boca aberta e pernas cruzadas, sinalizando vontade de fazer xixi
Cerca de 10% das crianças de 7 anos sofrem de incontinência urinária
Buscador de educadores parentais

A incontinência urinária em crianças vai muito além do xixi na cama. Em menores de 5 ano é comum que ocorram pequenos escapes de urina pelo fato de não terem desenvolvido completo controle sobre a própria bexiga. Contudo, quando o caso se estende ao longo dos anos, ou então acontece de maneira recorrente, com a criança já desfraldada, um sinal de alerta deve ser ligado.

O problema miccional pode ser classificado como contínuo ou intermitente, diurno ou noturno. Cerca de 30% das crianças com 5 anos de idade sofrem com incontinência urinária noturna. Esse índice pode chegar a até 10% em crianças de 7 anos e 3% em crianças de 12.

Segundo Ana Cristina Loch, pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria, as principais causas da incontinência urinária em crianças são: “infecções urinárias por repetição, retenção urinária (quando a criança segura o xixi por não querer parar o que está fazendo, o que enfraquece os músculos pélvicos e favorece a incontinência), alterações no sistema nervoso (como paralisia cerebral e espinha bífida), danos cerebrais ou nervosos, ansiedade e predisposição genética”.

Causas da perda involuntária de urina

De acordo com Rejane de Paula Bernardes, especialista em Nefrologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a incontinência urinária é a perda de urina involuntária que pode ocorrer durante o dia ou à noite.

“Em crianças com patologias neurológicas, chamamos de bexiga neurogênica, com necessidade de tratamento apropriado. Em crianças neurologicamente normais, podem ocorrer escapes de urina na roupa durante o dia, geralmente acompanhados de urgência e manobras retentoras. Eles podem estar associados ou não à perda de urina à noite (enurese). Muitas vezes, acompanha-se de constipação. Nestas condições, a incontinência urinária faz parte de uma condição chamada de disfunção vesical e intestinal”, explica a médica.

Sinais que devem ser observados

Apesar de alguns sinais parecerem óbvios, como dificuldade em segurar a urina durante diversos períodos do dia, há outros comportamentos que necessitam de mais atenção por parte dos pais. Confira sinais que merecem atenção, segundo os especialistas: 

  • Sede excessiva
  • Dores abdominais
  • Constipação
  • Hábito de segurar a urina por longos períodos
  • Hiperatividade
  • Lesões nervosas, principalmente nas pernas
  • Queimação ao urinar
  • Verificar se a criança urina, em média, de três em três horas; de cinco a sete vezes por dia
  • Observar a posição em que a criança se senta no vaso sanitário (as meninas que se afundam na privada, por exemplo, contraem demais o abdômen e não esvaziam a bexiga direito)
  • Averigue se o jato de urina é fraco ou forte
  • Apure se a criança vai ao banheiro na escola e a incentive a fazer xixi fora de casa

Como tratar?

Caso a incontinência se estenda para além dos 5 anos de idade, é importante que um especialista seja consultado, de forma a direcionar o tratamento com base na causa originária do quadro.

“Alterações estruturais podem necessitar de abordagem cirúrgica ou endoscópica. Os casos são habitualmente abordados com uroterapia e reeducação miccional com micção programada, englobando orientações quanto à postura miccional, ingestão hídrica e à periodicidade da micção. A utilização de medicações, como os anticolinérgicos, entre outros, também constituem parte do arsenal terapêutico dirigido e individualizado. Em alguns casos, a terapia cognitiva-comportamental pode ser uma medida auxiliar”, afirma Olberes Vitor Braga de Andrade, presidente do Departamento Científico da Nefrologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

A uroterapia, tratamento não cirúrgico e não farmacológico, também pode ser utilizado. Ela é baseada em técnicas comportamentais, incluindo desmistificação, orientação e reeducação para criança e sua família. A uroterapia promove um hábito miccional, incluindo o manuseio adequado da constipação e urina dos menores. 

Segundo o médico, outros profissionais com especialização pediátrica, como nefrologista, urologista, cirurgião e gastroenterologista complementam a abordagem, caso a caso. O envolvimento do urofisioterapeuta, na grande maioria dos casos, também é fundamental, diz o nefrologista.

“É importante lembrar que o tratamento precoce tem o papel também de evitar repercussões e complicações nas áreas social, psicológica e na melhora da autoestima desses pacientes”, completa o nefrologista Olberes Vitor.

Consequências futuras

Quando não tratada corretamente, além de afetar a autoestima dos menores, a incontinência urinária pode trazer graves consequências futuras.

“Além do prejuízo à autoestima, as disfunções de bexiga e esfíncter podem ser a causa de infecções urinárias recorrentes. Os episódios febris, sobretudo em crianças jovens, podem acarretar cicatrizes renais irreversíveis. As alterações na dinâmica da bexiga podem causar o retorno da urina para os rins (refluxo vesicoureteral), com maior risco de lesão renal. Estas cicatrizes podem levar a ocorrência de hipertensão arterial. As cicatrizes em ambos os rins podem levar a doença renal crônica”, enfatiza Rejane de Paula, especialista em nefrologia pediátrica. 


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