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Educação socioemocional: alunos de Sobral (CE) participam de estudo global da OCDE 

Resultados são essenciais para o fomento de políticas públicas focadas em soft skills, aponta especialista

Alunos levantam o braço em sala de aula
Estudo coletou dados de alunos de 16 países, incluindo o Brasil
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Pela primeira vez, o Brasil participou da coleta global de dados para o estudo Social and Emotional Skills for Better Lives (Competências socioemocionais para uma vida melhor, em tradução livre), conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em colaboração com o Instituto Ayrton Senna. 

A análise foi feita em 16 países, entre os quais Colômbia, Chile, Itália, Japão, Finlândia e Bulgária, além do Brasil, e é uma das primeiras em escala mundial sobre competências socioemocionais.  

Milhares de estudantes, de 10 e 15 anos de idade, participaram do estudo, que teve como objetivo avaliar 15 competências socioemocionais e sua relação com diferentes aspectos da vida escolar. 

Os resultados mostraram que essas competências estão ligadas a melhores resultados de vida, incluindo sucesso acadêmico, maior satisfação com a vida, comportamentos mais saudáveis, menos ansiedade nos testes e nas aulas e planos de carreira mais ambiciosos. O relatório também revelou a distribuição desigual das competências entre os alunos, por idade, gênero e origem socioeconômica. 

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No Brasil, o estudo foi conduzido na cidade de Sobral, no Ceará, em 2023, com mais de 4.500 participantes de escolas públicas, sendo 2.208 alunos de 10 anos, 2.343 de 15 anos, e diversos professores, diretores escolares e pais/responsáveis.  

Os resultados mostraram relações importantes entre competências socioemocionais e desempenho acadêmico, além do impacto positivo no bem-estar psicológico dos jovens. Saiba mais sobre os dados relacionados aos alunos brasileiros.  

Idade: habilidades variam entre alunos menores e os maiores 

O estudo apontou diferenças no desenvolvimento das competências socioemocionais entre estudantes de 10 e 15 anos. Enquanto os mais jovens demonstraram maior progresso em competências como confiança, determinação, assertividade e otimismo, em comparação aos de 15 anos, estes últimos relataram um avanço superior na competência de empatia. Segundo os pesquisadores, essas discrepâncias ressaltam a importância de compreender os elementos que influenciam tal desenvolvimento.  

Para Karen Teixeira, gerente de pesquisa do eduLab21, laboratório de ciência para educação do Instituto Ayrton Senna, esse resultado pode indicar que os estudantes de 10 anos, especialmente aqueles no ensino fundamental 1, desfrutam de uma relação mais próxima com um único professor, o que facilita o progresso socioemocional. 

“Professores do ensino fundamental 1 podem ter acesso a mais formações relacionadas ao desenvolvimento socioemocional, tornando-os mais preparados para ajudar os alunos nessa área. Esses insights sugerem a importância de fornecer formação adequada aos professores do ensino fundamental para melhorar o desenvolvimento socioemocional dos alunos mais velhos”, afirmou a especialista do instituto.  

Frequência escolar: alunos de Sobral são mais assíduos à escola do que os de outros países  

Segundo o relatório, os alunos de Sobral relataram menos faltas em comparação com a média dos países participantes, embora cheguem atrasados à escola com maior frequência. Para Karen, a incidência de faltas e atrasos é crucial, pois pode ser um indicador de possível abandono escolar, afetando o desempenho dos alunos. “Competências como determinação, persistência e responsabilidade contribuem para a redução das taxas de faltas e atrasos. Ainda, otimismo e entusiasmo estão associados a indicadores de saúde e bem-estar”, disse ela. 

Notas escolares: aquisição de competências favorecem aprendizado 

Entre os resultados mais relevantes, Karen apontou que habilidades como desempenho de tarefas e abertura ao novo estão relacionadas com melhores notas escolares. Já autogestão e curiosidade foram associadas ao desempenho em disciplinas como matemática, leitura e artes, enquanto otimismo e entusiasmo influenciaram positivamente o bem-estar dos estudantes. 

“Todas as competências socioemocionais analisadas contribuíram para o aprimoramento do desempenho acadêmico, desmistificando a ideia de que o desenvolvimento dessas habilidades poderia prejudicar o aprendizado tradicional”, ponderou Karen. 

Os dados foram divulgados durante o evento Bett Brasil, realizado entre os dias 23 e 26 de abril, em São Paulo. O estudo completo pode ser acessado no site da OCDE

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