As oportunidades garantidas às crianças dizem muito sobre o país

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Da redação 

Quem não lembra da governante que discursou na Assembleia da ONU no ano passado com um bebê no colo? Era a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, que por ainda estar amamentando levou sua filha Neve, então com três meses, para o evento ealizado em Nova Iorque em homenagem ao líder sul-africano Nelson Mandela. A situação inusitada chamou a atenção do mundo todo e saiu em inúmeras fotos e reportagens sobre o encontro.

Jacinda Ardern assumiu o mandato de primeira-ministra da Nova Zelândia aos 37 anos, em outubro de 2017. Ela é uma das mais jovens chefes do executivo da história do seu país – e do mundo – e tem se destacado pelos temas que tem priorizado em seu governo. Entre os quais, acesso à educação, redução da desigualdade social, criação de empregos e proteção do ambiente. Diminuir a pobreza infantil também faz parte de suas prioridades.

“A forma como tratamos as crianças, a forma como cuidamos de seu bem-estar, e a forma como garantimos que suas vidas sejam cheias de oportunidades diz muito sobre que tipo de país somos”, disse Jacinta, que incutiu como objetivo de governo tornar o seu país o melhor do mundo para uma criança.

Forte candidata ao Nobel da Paz, pela reação aos ataques terroristas contra muçulmanos, Jacinta tem investido em uma agenda de combate à pobreza infantil – esforço em que o Brasil poderia se espelhar, diz o economista Pedro Fernando Nery, em sua coluna publicada nesta terça-feira, 23, no jornal O Estado de São Paulo. 

Ele relata que a matemática do gasto na primeira infância é muito favorável e lembra que na conta do economista Flávio Cunha, para cada R$ 1 gasto, voltam R$ 6 na fase adulta. Cunha é coautor de vários estudos com o economista americano James Heckman, prêmio Nobel de Economia em 2000 que já aconselhou: os que buscam reduzir déficits e fortalecer a economia devem investir na primeira infância. Diversas pesquisas feitas comprovaram que o desenvolvimento na primeira infância influencia diretamente os resultados econômicos, na saúde e sociais para os indivíduos e para a sociedade.

Segundo dados do IBGE, mais de 40% das crianças brasileiras vivem abaixo da linha da pobreza. Índice maior do que de qualquer outra faixa etária. 

Congresso discute programas para crianças mais pobres e da primeira infância

Para mudar esse cenário, o Congresso Nacional tem investido em políticas sobre o assunto. Na Câmara dos Deputados, foi apresentada na semana passada a Agenda para o Desenvolvimento Social (ADS) – uma série de medidas para combater a pobreza e reduzir as desigualdades. Entre os objetivos da agenda social estão a ampliação do Programa Bolsa-Família para 3,2 milhões de crianças que atualmente vivem na extrema pobreza e a criação de um Benefício para a Primeira Infância.

Iniciativa similar é discutida no Senado. A casa aprovou em segundo turno a proposta de emenda constitucional (PEC) paralela, que cria o Benefício Universal Infantil (BUI). A ideia é concentrar recursos para proteger milhões de crianças na metade mais pobre da população e que estão na primeira infância.

As propostas da Câmara e do Senado contribuem para a sustentabilidade política do ajuste fiscal do governo, destaca o colunista do Estadão. 

Leia aqui a íntegra da coluna do economista Pedro Fernando Nery no Estadão.

 

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