Cabelo ruim, sujo, duro, difícil de lidar. É assim que muitas pessoas veem o cabelo crespo, numa visão estigmatizada pelo racismo ainda presente na sociedade brasileira, e que tanto prejudica a autoestima das crianças negras. Felizmente, há um movimento de mudança que tem ajudado a construir uma nova relação dessas crianças com os seus cabelos.
Parte da identidade, o cabelo é um marcador social e uma forma de valorizar a negritude, destaca a pesquisa “Crianças Negras e Cabelos Crespos – relações, impactos e aspirações para o futuro”, realizada pela marca Johnson´s por meio do Estúdio Nina, que atua no combate ao racismo
Para a maioria (87%) dos entrevistados, há um desejo de que a criança tenha orgulho do seu cabelo natural e 85% afirmam que a infância é fundamental para os pequenos aprenderem a amar seu cabelo e se amar. Foram entrevistados 404 homens e mulheres negros, acima de 18 anos, de diferentes classes sociais, de todas as regiões do país, que cuidam dos cabelos de crianças entre 3 e 9 anos, pelo menos um dia por semana.
Pais, mães e outros cuidadores negros ouvidos pelo estudo entendem que cuidar do cabelo impacta de forma positiva a criança negra, ao proporcionar alegria, orgulho e autoestima, além de contribuir para a reversão dos efeitos negativos do racismo.
De acordo com o levantamento, 47% dos entrevistados temem que a criança se sinta feia ou rejeitada pelos colegas em função do cabelo, 44%, que sintam vergonha e 39% têm medo de que a criança acredite que não será admirada ou aceita com seu cabelo natural.
“O resultado da pesquisa evidencia que não estamos falando e cuidando apenas do cabelo, é muito mais que isso. Estamos lidando com o impacto na subjetividade da criança, em quem cuida e na sociedade”, comenta Carolina Campos, cofundadora do Estúdio Nina.
Cuidados com cabelos das crianças negras também beneficia os adultos
A pesquisa amplia ainda a discussão e revela que muitas cuidadoras vivenciaram traumas relacionados ao próprio cabelo durante a infância. Por exemplo, 58% das mulheres afirmaram que cresceram pensando que cabelo “bom” era liso e hoje não querem que seus filhos pensem da mesma forma. O estudo mostra que esse cuidado com as crianças têm um impacto direto sobre si próprios, atuando na superação destes traumas e negações.
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