Por Gabriela Willer
“Dá para ter ordem com liberdade e firmeza com gentileza”, afirmou a consultora em educação Bete Rodrigues, durante o Encontro Canguru no Rio, realizado no último sábado, no Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea, cujo o primeiro tema a ser abordado foi Disciplina Positiva, que contou com a mediação da jornalista e apresentadora Thais Dias.
Considerada um meio-termo entre a forma rígida e a permissiva de educar, a proposta defende liberdade com ordem – os pais dão limites aos filhos, porém, sempre que possível, com opções de escolha. Pais tomam decisões junto com os filhos, fazendo com que eles se sintam importantes e pertencentes, desenvolvendo suas capacidades pessoais e autonomia.
Pais precisam construir conexão, respeito mútuo, sabendo se colocar no lugar do filho, acolher o que a criança está sentindo, com gentileza, segundo Bete Rodrigues, que traduziu os três livros de Jane Nelsen, criadora da abordagem Disciplina Positiva, publicados no Brasil.
Uma tarefa importante é enumerar as dificuldades que possui com seus filhos, por exemplo, a hora do banho, dever de casa e assim poder melhorar. “Os desafios são oportunidades de desenvolver habilidades para o futuro”, diz a consultora que afirma parecer algo difícil, mas a longo prazo, as crianças vão passando a entender e assim, é possível levar essa boa relação para o resto de suas vidas.
Seguindo a programação do dia, a palestrante e psicóloga Iara Mastine falou sobre conexão familiar, explicando que é preciso entender as suas próprias necessidades e a dos filhos, entendendo que as duas possuem o mesmo valor, com diálogo e respeito. “Se a gente não tem clareza sobre nossas necessidades, como nossos filhos vão saber dos limites deles?”, indagou Iara.
Já a palestrante e pesquisadora Nicole Spohr, fundadora do Fala Frida e blogueira da Canguru, falou sobre a importância de falar sobre gênero desde a infância, destacando diferenças de tratamento entre meninos e meninas, assim como as expectativas da sociedade. É refletir desde cedo, pois a menina não nasceu com o chip das atividades domésticas. Para a construção de uma sociedade mais igualitária em que homens e mulheres recebam os mesmos salários e ocupem cargos que quiserem. “Crianças aprendem pelo exemplo, temos que ser o que queremos que nossos filhos sejam”, diz Nicole dando exemplo diários. “As crianças visualizarem e entendem que as tarefas de casa são divididas igualmente, que não há diferenças entre o criação deles, independentemente do gênero, assim como o modo como o pai trata a mãe”.
Algumas sugestões que Nicole propôs para educar de forma igualitária foi não justificar qualquer situação com “porque você é menino/a”, ensinar os meninos a respeitarem, dando noção de consentimento, para que entendam que “não é não”, deixar que chorem, demonstrem seus sentimentos, pois irão se tornar homens sem dificuldades para se expressar.
Quanto às meninas, é importante não ensiná-las que casamento é o ápice de suas vidas como a maior realização, também não é preciso se sacrificar pelo bem dos outros e serem as boazinhas. Ao contrário, as consequências disso, podem acarretar que se sobrecarregam de tarefas, se distanciarem do que elas querem ser, além de buscar por trabalhos mais flexíveis e com isso, menos carga horária, tendo salários reduzidos, tornando-se dependentes financeiramente de seus parceiros, e com isso, terem mais dificuldade de saírem de relacionamentos abusivos. E por isso, é preocupante criar filhas “princesas”. “Será que quando ficarem mais velhas, elas não vão esperar por um príncipe encantado que irá solucionar todos os seus problemas?”, questiona a pesquisadora.
E foi assim, com diversos conhecimentos e abordagens de como criar filhos melhores para o mundo que ocorreu mais um Encontro Canguru. O próximo evento será neste sábado, 24 de março, em Belo Horizonte. CLIQUE AQUI para fazer sua inscrição, que é gratuita.