Seus filhos brigam por causa de um brinquedo, para ver quem escova os dentes primeiro, ou, ainda, pelo tamanho do pedaço do bolo, que um diz que o do outro é maior? Fique tranquila, brigas entre irmãos são a coisa mais comum do mundo.
“É normal ter conflitos”, disse Laura Markham, psicóloga americana, autora de “Pais Pacíficos, Irmãos Felizes” em matéria para o The New York Times. “Todo relacionamento humano tem conflito porque são dois indivíduos com necessidades diferentes”, diz a psicóloga. E, às vezes, acontece dos dois indivíduos precisarem exatamente do mesmo bicho de pelúcia ao mesmo tempo – ou seja, têm o mesmo desejo, na mesma hora.
Atuar como mediador nos conflitos é uma das formas dos pais ajudarem os filhos a se entenderem. Procurar acalmá-los e fazer com que ouçam um ao outro, em vez de decidir como a briga vai acabar pode ser bem eficaz, segundo Holly Recchia, psicóloga da Universidade Concordia, em Montreal, no Canadá. Ela estuda como os relacionamentos moldam o desenvolvimento social e moral das crianças. Pesquisas indicam que quando as crianças pequenas conseguem perceber melhor os sentimentos e as necessidades dos outros – o que é conhecido como teoria das habilidades mentais -, elas brincam melhor com seus irmãos.
A seguir, conheça algumas medidas que podem ajudar a evitar os conflitos e até fazer com que os filhos comecem a resolver disputas sozinhos.
AÇÕES QUE PODEM REDUZIR AS BRIGAS ENTRE IRMÃOS
- Reserve um tempo, na medida do possível, para dar atenção, individualmente, a cada um dos filhos (no caso de mães que amamentam, vale pedir ajuda ao parceiro ou aos avós para se dividirem com as criancas)
- Elogie seu filho mais velho, quando ele faz algo gentil ou útil, para que possa se sentir orgulhoso no papel de irmão maior
- Se o mais velho fica frustrado com o mais novo – o que costuma acontecer – reconheça seus sentimentos, mas também estabeleça limites. Diga algo como: ‘Eu sei, você está bravo porque o bebê pegou seu ursinho. Mas ele não entende que é seu, e não importa o quão chateado você se sinta, não está correto agir assim.’
- Procure ser justo com seus filhos. Se você levou um deles para tomar sorvete após o treino de futebol, por exemplo, faça um passeio semelhante com o outro, no dia seguinte ou assim que possível.
- Para neutralizar algumas ‘vantagens’ que o irmão mais velho tem – como poder dormir um pouco mais tarde – destaque que ele também possui responsabilidades extras, como ajudar nas tarefas de casa.
- Instalada a briga, os pais devem agir como mediadores – não para decidir quem está certo ou errado ou como o conflito deve ser resolvido, mas para manter a calma, tratar os irmãos da mesma forma e ajudá-los a responder a essas perguntas.
TÉCNICAS PARA USAR NA MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS
1) Estabeleça regras básicas que impeçam novos combates à medida que o problema estiver sendo resolvido. Obtenha consentimento para avançar. Diga algo como: ‘Vocês dois parecem chateados. Vamos respirar fundo e eu vou pegar o urso pelo qual estão brigando e colocá-lo no armário. Então falaremos sobre isso, está bem?’
2) Peça a cada irmão que descreva o que aconteceu e identifique pontos de discórdia e de consenso. Diga algo como: ‘Então vocês dois concordam que ‘Bruno’ (nome fictício) estava brincando com o urso. ‘Bia’ diz que pediu uma vez, certo? ‘Bruno’, você disse que não a ouviu? Isso fez ‘Bia’ se sentir frustrada, porque ela pensou que você a estava ignorando e depois bateu em você.’
3) Procure estimular a compreensão e empatia mútuas entre os irmãos, incentivando-os a discutir seus sentimentos e pedindo que cada um repita o que o outro disse. ‘Então ‘Bruno’, por que ‘Bia’ está dizendo que você ficou bravo? ‘Bia’, por que ‘Bruno’ começou a gritar quando você bateu nele?
4) Ajude os irmãos a pensar em soluções para o problema (mas se eles tiverem ideias muito exageradas, tente controlá-las). Pergunte: ‘De que maneira vocês dois podem corrigir isso? O que você poderia fazer diferente da próxima vez?’
Em um estudo de de 2014, os pesquisadores confirmaram que quando os pais eram ensinados a usar técnicas de mediação, seus filhos se tornavam capazes em falar sobre os sentimentos – seus e de seus irmãos – e conseguiam discutir soluções em potencial, entre outros aspectos. A desvantagem da mediação, diz a reportagem do NYT, é que ela pode levar tempo e esforço, especialmente no início. Mas com a prática, as coisas melhoram e mudam mais rápido. A mediação deve ser vista, portanto, como um investimento para a sanidade dos pais – e no bem-estar de seus filhos. Ao estimular que se comprometam, os pais estarão contribuindo para que as crianças desenvolvam habilidades que durarão a vida inteira. Vale a pena tentar, não acha?
Outras matérias:
Os dez hábitos das mães felizes
Abrir no Google Tradutor |