Dados mostram um aumento de 12% nos casos de bullying e cyberbullying no país em 2024, segundo documentos dos cartórios de notas do Brasil. Combater esse tipo de violência está entre os objetivos do Dia da Internet Segura, campanha internacional celebrada no dia 11 de fevereiro, que visa chamar a atenção para a importância do uso responsável e seguro da tecnologia entre crianças e adolescentes.
“Bullying é o ato de ameaçar, agredir e intimidar uma pessoa sistematicamente, por conta da sua condição social, aparência física, entre outras características. O cyberbullying, que é quando essa prática acontece na internet, potencializa os danos naquela pessoa que sofre bullying, especialmente, nas crianças e nos adolescentes que ainda não desenvolveram totalmente o seu arcabouço psíquico para enfrentar tais questões”, explica Mauricio Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil, organização com mais de 58 anos de atuação no país em defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Nas escolas, uma nova modalidade do bullying digital tem se popularizado. “Muitos adolescentes criam perfis no Instagram, chamados de ‘explana’, para falar mal de alguém sem que a pessoa saiba quem é o autor. É uma forma de contar segredos e expor a pessoa sem ser identificado”, contou um adolescente entrevistado pela organização para a realização da pesquisa Mapeamento dos Fatores de Vulnerabilidade de Adolescentes Brasileiros na Internet.
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Outro jovem participante do estudo, que ouviu mais de oito mil estudantes da rede pública, majoritariamente das regiões Nordeste e Sudeste, comentou que esse costume de criar perfis falsos para difamar pessoas já gerou conflitos entre escolas do seu bairro. “No ano passado, houve uma briga porque uma pessoa descobriu que a outra falava mal dela no ‘explana’. Eles se encontraram em um local e formaram uma gangue para agredir todos os envolvidos”.
O diretor de país da ChildFund relata que o cyberbullying é realizado, geralmente, por pessoas conhecidas e pode ser um indicador de algo ainda mais grave. “Os riscos de os adolescentes utilizarem a internet sem monitoramento de pessoas adultas são bem maiores, com a possibilidade de se tornarem vítimas de abusos e violência sexual on-line”, afirma. Segundo o mapeamento realizado, 5,6 milhões de adolescentes podem ter sofrido esse tipo de violência.
Supervisão de acesso à web e diálogo aberto ajudam a combater violências
Pais, professores e responsáveis devem ficar atentos a sinais que podem ajudar a identificar casos de bullying e cyberbullying entre crianças e adolescentes. Entre eles, a recusa a ir para a escola (quando o problema ocorre nesse ambiente), mudanças de comportamento, ansiedade, crises de pânico, tristeza, irritabilidade, perda de apetite e até o afastamento social.
Compreender os horários de maior insegurança na rede social, entender quais aplicativos oferecem menos mecanismos de proteção e monitorar os adolescentes enquanto utilizam a internet são formas de protegê-los. Nos jogos on-line, o cyberbullying é um comportamento bastante comum, principalmente, por ser feito no tom de brincadeira e em um local de distração.
Em relação à violência sexual on-line, o estudo observou uma redução de 40% na prática, quando as famílias mantêm um bom diálogo com os filhos adolescentes e o acesso à internet é supervisionado.
“As informações destacadas pela pesquisa são muito importantes, pois servirão como base para que nós, poder público e organizações da sociedade civil consigamos mobilizar e criar políticas públicas, a fim de criar mecanismos de proteção para crianças e adolescentes no ambiente virtual”, conclui Mauricio.